Sábado, 21 de setembro de 2024

10% dos brasileiros com idade de 5 e 17 anos fazem xixi na cama

A enurese, quando a criança faz xixi na cama, é um dos problemas urinários mais comuns na infância. Um estudo revelou que 10% das crianças e adolescentes brasileiros entre 5 e 17 anos sofrem de enurese, como é mais conhecida a incontinência urinária noturna.

Publicado pelos urologistas Ubirajara Barroso Jr., chefe da disciplina de Urologia da Universidade Federal da Bahia (UFBA), e José Murillo Netto, coordenador do Departamento de Urologia do Adolescente da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), o estudo mostra que o problema ocorre três vezes mais em meninos do que em meninas.

Aproveitando o Dia Mundial da Enurese Noturna, nesta terça (31), os médicos alertam pais e cuidadores que urinar na cama não é culpa da criança, mas sim uma condição médica que requer tratamento. A data foi criada pela International Children’s Continence Society (ICCS).

Os especialistas entendem que ela faz parte do amadurecimento e desenvolvimento infantil normal.

“Diz respeito à criança não ter controle urinário à noite, até os 5 anos de idade. A partir daí, progressivamente, ela vai ganhando controle da bexiga com o tempo.”

De acordo com os pesquisadores, aos 5 anos, entre 15% e 20% das crianças urinam na cama; aos 7 anos, 10%; aos 10 anos, 5%; e, aos 15 anos de idade, por volta de 1% a 3% ainda não controlam a bexiga durante a noite.

“Há uma melhora progressiva, porém, não a custo zero”, alertou Ubirajara Barroso Jr., em entrevista à Agência Brasil. Isso se explica porque, caso os pais esperem muito tempo para tratar a enurese, ela pode trazer consequências para a criança e a família.

Transtornos

Barroso Jr. disse que o problema da enurese noturna traz transtornos para a família e para a criança, que tende a se isolar, ter autoestima baixa e até sofrer punições.

Estudo realizado em Minas Gerais aponta que cerca de 60% das crianças que fazem xixi na cama ficam de castigo e 40% chegam a apanhar. Barroso Jr. adverte sobre a importância de pais e cuidadores entenderem que a criança não faz xixi na cama por preguiça, pirraça ou descuido, mas sim por um problema urológico.

“A punição nunca será um caminho. A criança deve ser acolhida e cada noite seca precisa ser vista como uma vitória”, sinalizou, acrescentando que a criança deve ser encaminhada para tratamento. “Os pais não devem punir. Na verdade, o correto é que essa criança tenha um acompanhamento médico para que o melhor tratamento seja iniciado, garantindo, assim, a qualidade de vida de toda a família.”

Aprender a usar o banheiro e deixar de usar fralda e urinar na cama são marcos na vida da criança. Então, quando a criança não atinge esses marcos ela sente vergonha e não compreende que o problema pode ser tratado.

“Ela se cala. A primeira coisa que faz quando chega ao médico é baixar a cabeça; não quer falar sobre o assunto. Somente aos poucos, ela vai se soltando com o urologista”, afirmou Barroso Jr., para quem é importante desmistificar o problema.

O acompanhamento médico é recomendado para crianças acima de 5 anos que ainda apresentam episódios de xixi na cama, mesmo que uma vez por semana. Após os 7 anos de idade, o tratamento médico é considerado obrigatório, uma vez que estudos mostram que após essa idade começa a haver redução da autoestima e outros problemas emocionais associados à enurese, como isolamento social. Todos esses indicadores melhoram após o tratamento.

De acordo com o médico, uma das causas da enurese noturna é o fator hereditário. Se os dois pais foram enuréticos quando criança, a chance de o filho também ser é de quase 80%.

Fatores como metabolismo e alimentação também devem ser considerados. O médico afirmou que o tratamento para essa condição varia de acordo com as necessidades de cada criança. São indicados mudanças de hábito, uso de medicamento oral e alarme de enurese (neuroestimulação).

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