Quinta-feira, 20 de fevereiro de 2025

2026: fiquem alertas!

Indignação é uma palavra que não comporta tudo o que quero expressar ao tomar conhecimento dos indícios de corrupção em uma emenda parlamentar proposta por um deputado gaúcho e que acabou sendo motivo de ação policial na última semana.

Na minha trajetória de representação social as prioridades estão focadas nas demandas da categoria, é óbvio. Nas atividades que debatemos o momento político do país, considero vital propor a reflexão crítica e propositiva.

Nesses encontros já excluí a referida palavra para expressar minha posição sobre esse absurdo da vida pública e foco na importância da conscientização dos trabalhadores para separarem o joio do trigo.

De não se renderem ao canto da sereia. Uso diversos exemplos que nosso país vivenciou. Cito os mais populares, entre eles um dos grandes escândalos de corrupção nos primeiros anos pós-ditadura. Para ser preciso 1993.

Foi o esquema conhecido como Anões do Orçamento, no qual políticos manipulavam emendas e desviavam o dinheiro via entidades sociais fantasmas ou com a ajuda de empreiteiras. Além desse, cito outros, que tiverem importante cobertura da mídia como Mensalão, Lava-Jato e fraude na Compra de Vacinas Covid-19.

Mais recentemente não dá para esquecer de citar a conhecida emenda Pix. Que, aliás, tem como característica a baixa transparência e virou uma das preferidas. Os números demonstram e indicam porque essa modalidade é a preferência de dezenas de parlamentares. Vejam: em 2020 o valor total foi de R$ 600 milhões, no ano passado chegou R$ 2 bilhões em um total e R$ 25 bilhões de emendas individuais.

Na eleição do ano passado ficou materializado o principal motivo do crescimento geométrico desse tipo de emenda pelos congressistas. Os municípios contemplados com recursos das emendas Pix tiveram seus prefeitos reeleitos (quase 90%).

Mais do que constatações e fatos, é necessário questionar os parlamentares por quais motivos não propõem avanços e ferramentas para aprimorar a transparência nos repasses das emendas usando as inúmeras alternativas tecnológicas para isso?

Enquanto isso não acontece, precisamos lembrar do jargão popular: separar o joio do trigo. No ano que vem os candidatos que se apresentarem pedindo nosso voto e nossa mobilização, para sua eleição, devemos pesquisar, nos informar nas diversas plataformas sobre o que fizeram em prol da sociedade na sua vida pessoal ou no seu mandato. Parece básico.

A maioria não faz. Infelizmente. Não podemos continuar elegendo aqueles que, mais do que nosso voto, mandam a conta dos seus atos corruptos para pagarmos. Não bastasse isso, colocam nos seus bolsos, e de seus pares, os recursos que deveriam ser destinados para a saúde, educação e habitação em favor dos brasileiros menos favorecidos.

Coincidentemente, uma grande parte desses deputados são contra a PEC 6X1 que propõe alterações na carga horária que busca melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores e familiares. Para encerrar: sou favorável às emendas. Não podemos extinguir um medicamento por que alguns médicos falsificam receituários. Vamos ficar alerta.

*Gelson Santana- Presidente do STICC e Secretário Nacional dos Trabalhadores na Indústria da Construção Civil, Construção Pesada e em Montagem Industrial UGT.

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