Domingo, 29 de dezembro de 2024
Por Redação Rádio Pampa | 28 de dezembro de 2024
Entre algumas das maiores oportunidades que uma estrela em ascensão pode ter em Hollywood, está a chance de fazer parte de um grande projeto, composto por incontáveis nomes famosos – e, nos primeiros anos da década de 2000, poder contracenar e interagir com Leonardo DiCaprio, o então queridinho da indústria, era realmente como ganhar o bilhete de ouro. Ainda mais em uma produção do gigante Steven Spielberg.
Em 2002, durante as gravações do clássico moderno ‘Prenda-Me Se For Capaz’, a ainda novata e despreparada Amy Adams teve a chance que qualquer outro jovem ator gostaria de ter – não apenas conseguiu um papel de certo destaque em um filme do diretor mais lucrativo da história, como também acabou ao lado do próprio Príncipe de Hollywood como seu par romântico na história sobre um mentiroso ultra-inteligente – era para ser um sonho, mas acabou se tornando, em parte, um arrependimento para ela.
Em uma recente entrevista à Vanity Fair, a atriz indicada seis vezes ao Oscar revelou o infeliz momento em que foi tornada a responsável por atrasar as gravações do trecho da festa de casamento entre Frank (DiCaprio) e Brenda (Adams) por conta de uma crise de riso incontrolável – e o motivo pelo excesso de gargalhadas era apenas um: o loiro protagonista, que deveria sair pela janela ao ter sido descoberto pelo policial Carl Hanratty (Tom Hanks).
“Tem esse belíssimo momento… ele [DiCaprio] sai pela janela, estamos fazendo planos. Está tudo decorado e a luz é linda. E eu tenho uma memória tão visceral desse momento”, começou descrevendo, antes de relatar a tragédia. “E aí várias notas de dinheiro começaram a voar na cara do Leo, tipo, no meio da cara dele. E é claro, eu decidi que aquela era a hora perfeita para achar a coisa mais engraçada do mundo. E eu caí na gargalhada com o Steven Spielberg no set. E eu fiquei segurando a produção porque não conseguia me recompor”.
Amy interpretou a ingênua enfermeira apaixonada por Frank, e que logo se torna sua esposa – ainda que ela, por um bom tempo, não saiba dos crimes do marido e nem desconfie de suas barbaridades.
Toda vez que uma nota acabava no rosto de DiCaprio, Amy Adams perdia a compostura – justamente em uma das cenas mais românticas de toda a história sobre um mestre dos disfarces que passa anos sendo perseguido pela polícia. E imaginar um set todo aguardando que ela se comportasse para que o trabalho continuasse a ser feito, não deve ter sido agradável em um primeiro momento.
“Eu não sei por quê. Só vê-lo ser atingido era engraçado. É meu único arrependimento, ainda que não seja tão ruim assim. Mas tive que me controlar. Acho que chegou a um ponto em que até ele [Leonardo] achava graça, e acho que foi quando a nota de dinheiro bateu de cara nele. Mas ele ficou super focado o tempo todo – o que eu achei que foi ainda mais engraçado”, finalizou a artista.
No filme de Spielberg, baseado na autobiografia de Frank Abagnale Jr., Leo interpreta um exímio criminoso, um profissional do disfarce e da mentira: Frank, ao completar apenas 19 anos, já havia conseguido acumular milhões de dólares em cheques endereçados a um piloto de aeronave, um médico e um promotor de justiça. Em todos os casos, o moço consegue se disfarçar e roubar a identidade de outra pessoa para acabar com o dinheiro em conta.
Quando a polícia percebe a movimentação estranha envolvendo um jovem até então desconhecido, fica nas mãos do agente do FBI Carl Hanratty capturar Frank. O problema é que, mesmo jovem e ainda que o plano de roubar a identidade e a profissão de outra pessoa sem qualquer estudo pareça fraco, o menino sempre se dá bem.
A trama, que se passa durante os anos 1950, colocou juntos pela primeira vez Leonardo DiCaprio e Tom Hanks – duas superestrelas de Hollywood, como rato e gato em uma narrativa de perseguição extremamente original (e ainda, verdadeira). Além da dupla, ‘Prenda-Me Se For Capaz’ contou com a participação de Christopher Walken, Martin Sheen, Jennifer Garner e ainda a jovem Amy Adams.
A atriz se tornou a “versão feminina de Leo DiCaprio” no quesito Oscar – sempre indicada, merecedora de pelo menos uma estatueta, mas jamais vencedora. Essa foi a realidade do moço até 2016, quando venceu a categoria de Melhor Ator por ‘O Regresso’. Amy, apesar de indicada há quase 20 anos continuamente, nunca conquistou a vitória.
A estreia de sua carreira no cinema aconteceu na comédia teen meio ácida, ‘Lindas de Morrer’ (1999), que reuniu Kirsten Dunst, Kirstie Alley, Ellen Barkin e Brittany Murphy (1977-2009) em uma competição de misses nada amigáveis. O primeiro sucesso só veio mesmo em ‘Prenda-Me Se For Capaz’ (2002), mas não foi o suficiente para fazê-la estourar de uma vez por todas.
Depois da estreia do filme de Steven Spielberg, ainda que fosse elogiada aos quatro cantos por sua doçura na produção, ficou sem qualquer emprego durante um ano inteiro. Nesse período, até cogitou desistir da vida de atriz – mas logo a vida voltou aos eixos. E em 2006, Amy garantiu a primeira indicação ao Oscar, em ‘Retratos de Família’ (2005).
Assim, mais e mais oportunidades começaram a aparecer, e não por acaso, em 2009, foi de novo indicada – dessa vez em ‘Dúvida’ (2008), quando contracenou com Phillip Seymour-Hoffman (1967-2014), Meryl Streep e Viola Davis (que também recebeu uma indicação a mesma categoria).
Logo Amy se tornou uma das mais queridas atrizes da indústria; passou dos dramas que a levavam à lista de indicados para os musicais infanto-juvenis que marcaram uma geração inteira – foi ela quem deu vida à Princesa Giselle em ‘Encantada’ (2007).
Hoje, Amy Adams é um nome de peso e sinônimo de talento: foi parceira de trabalho de alguns dos maiores cineastas das novas gerações e se provou uma atriz versátil e de muita força dramática. Esteve em ‘O Mestre’ (2012), pelo qual também foi indicada, na famosíssima e elogiada ficção científica ‘A Chegada’ (2016), foi a Lois Lane do Universo DC e ainda, foi indicada ao Emmy e vencedora do Critic’s Choice pela série original da HBO, ‘Objetos Cortantes’ (2018).
Prestes a estrear o terror ‘Nightbitch’, Amy se consolidou como uma das maiores atrizes de sua geração – e ainda bem, sua carreira não acabou após uma longa gargalhada ao lado de Leonardo DiCaprio e Steven Spielberg.