Domingo, 22 de dezembro de 2024

A civilização e o fêmur!

Pesquisando no dicionário veremos que a definição de civilização é imprecisa, complexa e abstrata. Diferentes definições abordam vários aspectos: culturais, políticos, econômicos, religiosos etc.

A origem da palavra vem do latim “civitas” que significa “cidades”. Isto seria um agrupamento de homens no solo com metas conjuntas de prosperidade sócio-cultural.

Alguns acham que um primeiro sinal comprobatório da civilização teria sido as pinturas nas cavernas. Outros acham que seriam as panelas de cozinhar de barro. Outros acreditam que uma arma de caça já seria um marco importante. Margareth Mead (1901-1978) antropóloga respondeu, curiosamente, a uma estudante, que o primeiro marco civilizatório teria sido o registro fóssil de um fêmur consolidado, há quinze mil anos.

Um osso quebrado na perna de qualquer animal é uma sentença de morte! Ele se torna presa fácil.

A fratura do fêmur, até nos dias de hoje, é um acontecimento grave para a saúde de qualquer indivíduo.

O fato do paciente não poder se locomover determina que, para sobreviver, alguém lhe ofereça água e alimentos. Dê conforto e auxilie na higienização.

O fêmur consolida de 3 a 6 meses com a mesma velocidade de milhares de anos atrás.

Como o fraturado permanece deitado, em poucos dias secreções pulmonares evoluirão para uma infecção, insuficiência respiratória e morte. Ainda existem os riscos de trombose por estase do sangue nos membros inferiores.

É inevitável o aparecimento de escaras, predominantemente sacras, que se tornam um novo foco infeccioso.

O fêmur é o maior e mais resistente osso do corpo humano. Se articula proximalmente com a bacia formando a articulação do quadril e distalmente com a tíbia para formação do joelho.

Sua principal função é distribuir carga.

Com a idade, normalmente o osso se torna mais fraco.

A osteopenia faz parte do nosso processo biológico de envelhecimento! Existe um aforisma antigo que espelha bem a gravidade da fratura do fêmur: “Nascemos pelo colo do útero e morremos pelo colo do fêmur”.

Isto é tão verdadeiro até os dias de hoje que inúmeros trabalhos mostram que 20% dos pacientes com fratura morrem no primeiro ano subsequente.

Desde o início da civilização, apesar do fantástico avanço tecnológico, de termos ido até a lua, ainda não conseguimos descobrir nada que acelere o processo de consolidação.

Estamos mais civilizados, mas o processo de consolidação continua o mesmo!

* Carlos Roberto Schwartsmann – médico e professor universitário

* schwartsmann@santacasa.org.br

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