Segunda-feira, 20 de janeiro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 19 de janeiro de 2025
Nos corredores do Supremo Tribunal Federal (STF), se dá como certo que o ex-presidente Jair Bolsonaro será julgado neste ano pela Corte. A expectativa é de que o político seja levado ao banco dos réus ainda neste semestre, após a apresentação de uma denúncia pela Procuradoria-Geral da República (PGR). Temendo ficar longe do poder e até com receio de ser preso, o ex-capitão do Exército se apega ao presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, para tentar reverter revezes que está sofrendo na Justiça.
Bolsonaro voltou a criticar publicamente as decisões do ministro Alexandre de Moraes nesse sábado (18), durante o embarque da esposa Michelle para Washington. “Eu escuto o Alexandre de Moraes atacando a direita. Ou seja, ele toma partido político. Eu sou do tempo em que os juízes falavam nos autos, agora é diferente. Eu tenho certeza de que, recuperando minha elegibilidade, eu ganho as eleições. Agora, inelegível, é uma prova de que estamos em uma democracia igual à da Venezuela, onde a oposição é eliminada”, disse o ex-presidente.
O ex-mandatário acredita que Trump vai comprar a briga e pressionar a Justiça brasileira e o governo para devolver seus direitos políticos, que estão suspensos por oito anos por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Segundo ele, “[Trump] já tem influência no mundo todo da presença dele. Primeiros ministros que estão caindo, Hamas fazendo acordo, o [Justin] Trudeau renunciou. No México, grandes apreensões foram feitas. Gostaria de apertar a mão dele, não daria pra conversar”.
Quando questionado como o presidente norte-americano poderia intervir na situação, Bolsonaro completou: “Se ele me convidou, ele tem a certeza que pode colaborar com a democracia do Brasil afastando inelegibilidades políticas, como essas duas minhas que tive”, iniciou.
“Só a presença dele, o que ele quer, só ações. Não vai admitir certas pessoas pelo mundo perseguindo opositores, o que chama de lawfare, que ele sofre lá. Grande semelhança entre ele e eu. Também sofreu atentado. Não vou dar palpite, nem sugestão, ele sabe o que está acontecendo”, completou Bolsonaro dizendo ser tratado como um preso político, “apesar de estar sem tornozeleira eletrônica”.
Repercussão
A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, sugeriu que Bolsonaro e seus familiares viagem para morar nos Estados Unidos e criticou os pedidos de interferência na política brasileira. “Os Bolsonaros, que tanto idolatram Donald Trump, deviam pedir logo a ele que lhes conceda a cidadania estadunidense e deixem em paz o povo brasileiro. Talvez seja mais útil do que pedir ao chefão que interfira na Justiça e na política do Brasil, como andam fazendo, para tentar livrá-los da cadeia”, publicou ela nas redes sociais.
“Não tiveram vergonha nem de pedir que Trump cancele o visto de entrada do ministro Alexandre de Moraes. Se a gente lembrar que o inelegível bateu continência para bandeira dos EUA quando era presidente do Brasil, tanta subserviência a um governo estrangeiro não é novidade”, completou Gleisi.