Terça-feira, 24 de dezembro de 2024

“A ideia de controlar aquilo que enxergam de você é fadada ao fracasso”, diz Maria Fernanda Cândido

Morando em Paris desde 2017, Maria Fernanda Cândido tem se dividido entre França e Brasil nos últimos anos, conciliando a vida com o marido e os filhos na Europa com a carreira que construiu em terras brasileiras. A nova realidade fez com que voltasse seus olhos para uma carreira internacional.

Desde que se mudou para a Europa, trabalhou em produções inglesas/americanas, italianas e francesas. Coincidentemente, dois destes trabalhos chegam aos cinemas nesta quinta-feira (14): “Animais fantásticos: Os segredos de Dumbledore” e “O traidor”. E os dois filmes possuem um pézinho no Brasil além da presença da atriz.

O novo capítulo da saga derivada de “Harry Potter” traz Maria Fernanda como Vicência Santos, que é Ministra da Magia do Brasil. O país é visto rapidamente em cena em um momento em que vemos o Parque Lage, no Rio de Janeiro, com destaque para a imagem do Cristo Redentor. Apesar da presença do Brasil em cena, não foram realizadas filmagens no país.

Na trama, Vicência concorre ao cargo de Chefe Supremo da Confederação Internacional dos Bruxos contra um candidato com discurso de ódio e preconceito. A atriz lembra que o filme se passa em 1932, em um período na vida política europeia em que figuras totalitárias ganhavam notoriedade, mas não nega que a trama possui muita ressonância no mundo contemporâneo, inclusive no Brasil.

“Vicência é uma líder, uma política, uma mulher muito perspicaz e estrategista, mas também com um olhar muito humano, muito sensível com relação ao outro”, conta Maria Fernanda. “A questão central do filme é que você tem um grupo que entende que existem pessoas que são superiores a outras. E tem um outro grupo que pensa diferente, que podemos viver de forma harmônica.”

Mãe de dois adolescentes apaixonados por “Harry Potter”, Maria Fernanda assistiu aos filmes da saga com os filhos, mas aponta que aceitou trabalhar no projeto antes mesmo de descobrir qual era. Ela foi convidada para um teste secreto e só foi informada sobre qual seria o longa após assinar vários termos de confidencialidade, já numa segunda etapa. O tamanho do papel também não incomodou a atriz.

“É um trabalho de coadjuvante, mas tinha esse interesse enorme em entender o que estava acontecendo e todas as dinâmicas em volta, o que me ajudou a entender qual a função da Vicência dentro deste universo. Não sou eu que estou levando a ação adiante, não sou eu que estou puxando a ação, mas estou reagindo a tudo que acontece. É um tipo de trabalho que me agrada muito”, diz.

Já “O traidor” é dirigido pelo cultuado Marco Bellocchio. Exibido na mostra competitiva do Festival de Cannes de 2019, o longa conta a história do mafioso italiano Tommaso Buscetta, que foge da Itália e se estabelece no Brasil, onde começa a se envolver com o tráfico de drogas.

Capturado e extraditado, ele torna-se testemunha de clássico processo contra a máfia. A atriz natural de Londrina, no Paraná, interpreta Maria Cristina de Almeida Guimarães, esposa de Buscetta. O filme conta com coprodução brasileira, com investimentos da Gullane Entretenimento.

Vida na Europa

Maria Fernanda Cândido destaca que a recente trajetória internacional é mais uma consequência do fato de estar morando na Europa do que um objetivo pessoal. Casada com o empresário francês Petrit Spahira desde 2005, a atriz se mudou para a França com a família após uma necessidade profissional do marido. Ela considerou a mudança algo justo e natural, afinal ele havia permanecido no Brasil por 13 anos ao seu lado.

“Muitas vezes me perguntam se estou investindo numa carreira internacional, mas não tenho muito esta visão. Estou sempre ligada a bons projetos, não importa onde aconteçam. O que me importa é a obra, a história que vai ser contada, a personagem e as pessoas envolvidas”, conta a atriz, que já filmou em português, francês, italiano e inglês. “Tem sido de muito aprendizado, algo muito rico. Cada set de filmagem é uma fotografia daquele caldo cultural. Quando faço um filme na Itália, não estou apenas fazendo um filme, estou bebendo naquela cultura, estou aprendendo hábitos e costumes. Quando trabalho na França, passo pelo mesmo processo, mas tomando um outro caldo cultural. Assim, vou ampliando o meu leque de compreensões e possibilidades.”

Sem se preocupar com estigmas, a atriz revela que não presta muito atenção em quem a valoriza mais como “musa” do que por seu trabalho no cinema, no teatro e na TV.

“Não temos controle sobre a visão, a idealização ou o pensamento do outro. O mais importante é você saber o que fazer com aquilo que fazem de você. Essa ideia de controlar aquilo que enxergam de você é fadada ao fracasso. Você nunca vai conseguir. O ser humano vai estar sempre sendo construído pelo olhar do outro, nunca vamos escapar disso. Somos produto do olhar externo. A questão é o que você faz com isso.”

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