Domingo, 22 de dezembro de 2024

“A sociedade da neve”: saiba o que é real e o que é ficção no filme inspirado na tragédia dos Andes

Passados 51 anos da queda de um avião nos Andes, em outubro de 1972, em que 29 dos passageiros foram resgatados 72 dias depois, o filme “A sociedade da neve”, da Netflix, reconta a história de sobrevivência.

O longa de Juan Antonio Bayona estreou em dezembro em algumas salas de cinema de vários países e ficou disponível na plataforma de streaming a partir de 4 de janeiro. Ao todo, estavam 45 passageiros no avião, entre jogadores, familiares e amigos. À espera do socorro, eles tiveram de comer partes dos corpos dos companheiros mortos.

O filme foi feito com base no livro de um jornalista que entrevistou os sobreviventes. Atualmente, 14 dos que foram resgatados nos Andes continuam vivos. Veja o que é verdade e o que não é contado no filme “A sociedade da neve”.

Condições extremas: verdade

Os sobreviventes, confrontados inicialmente com o impacto brutal da aeronave, logo se viram diante de adversidades implacáveis, com o frio intenso, isolamento severo, ausência de perspectiva de resgate e fome. As condições extremas retratadas no filme são verídicas, baseadas nos relatos dos sobreviventes.Para garantir a fidelidade, a produção do filme visitou o local três vezes, além de ser usado como set de gravação.

Canibalismo: verdade, mas…

Ao assistir o filme, é perceptível que muitos dos personagens eram devotos católicos. Durante os debates sobre a possibilidade de recorrer ao canibalismo para sobreviver, eles carregavam consigo a preocupação de possíveis punições divinas, acreditando que utilizar os corpos como fonte de alimento poderia resultar em condenação aos olhos de Deus.

Apesar de não ser mencionado no filme, a Igreja Católica ofereceu apoio aos sobreviventes. Este fato, documentado por Fernando Parrado em seu livro “Milagre nos Andes”, revela que a Igreja desempenhou um papel na assistência psicológica aos sobreviventes, algo que não foi explorado na narrativa cinematográfica.

Resgate: ficção

Embora o filme mostre um resgate que teria durado apenas um dia, não foi bem isso que aconteceu na história real. Eles realmente foram retirados em helicóptero militares chilenos, no entanto, o resgate durou dois dias.

Avalanche: verdade

Em visita ao Brasil em 1993, o sobrevivente Gustavo Zerbino contou que, além da temperatura de 25 graus abaixo de zero, eles também passaram por duas avalanches. Uma delas ocorreu duas semanas após a queda e causou a morte de oito pessoas. Na ocasião, o avião e todos os sobreviventes ficaram soterrados por metros de neve.

Repercussão: ficção

Após o resgate, o filme não conseguiu retratar corretamente como foi a experiência dos sobreviventes com a hostilidade da opinião pública com os métodos adotados pelo grupo para sobreviver. Principalmente, porque eles teriam tentado ocultar os detalhes sobre o canibalismo. As pessoas chegaram a especular que os sobreviventes teriam assassinado os colegas para alimentação.

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