Quinta-feira, 26 de dezembro de 2024

A ultra-esquerda poderá dar a vitória a ultra-direita na França?

Apesar da vantagem de Emmanuel Macron em todas as pesquisas, colocando-o em percentuais que chegam a 10% de distância de Le Pen, um movimento silencioso do eleitor de esquerda pode provocar uma surpresa no domingo. Os eleitores de Jean-Luc Mélénchon, da esquerda radical, podem ter peso decisivo no segundo turno das eleições presidenciais francesas, dia 24.

Mélenchon, da França Insubmissa, um ultra-esquerdista cheio de votos que ficou em terceiro lugar, com 22% do eleitorado, 1% apenas atrás de Le Pen no primeiro turno, não pediu que seus eleitores votem em Macron ou Le Pen. Agora, um movimento silencioso mostra que parte do eleitorado de Mélenchon, paradoxalmente, prevê votar agora em Le Pen, que está no extremo oposto do tabuleiro neste pleito. O que por enquanto figura apenas como hipótese, poderá mudar o curso deste segundo turno.

Quando os extremos se atraem

O movimento de eleitores da extrema esquerda na direção da candidata de  ultra-direita, Marine Le Pen, pode confirmar, na prática, a teoria de que, na política, os extremos podem ser atraídos por razões inexplicáveis.

O frango, tema secundário do debate

O frango brasileiro chegou a figurar em um momento do debate televisivo de Macron e Le Pen na quarta-feira. Existe um bom motivo para isso: o embargo europeu ao frango da Tailândia por causa da gripe das aves está abrindo perspectivas de aumento das exportações não apenas para o Brasil, mas também para a França. E o Brasil tornou-se um poderoso concorrente dos franceses no mercado internacional do frango. Na França, a produção de frango esta concentrada na região francesa da Bretanha. O tema foi trazido por Le Pen ao debate, que na sua linha nacionalista, acenou com um combate
duro para impedir a expansão do mercado do frango brasileiro nos mercados da Alemanha, Grã-Bretanha e países escandinavos, onde a entrada do frango brasileiro tem incomodado bastante os exportadores franceses.

O indulto presidencial ao deputado Daniel Silveira

Não há como deixar de comentar o indulto concedido ontem pelo presidente Jair Bolsonaro ao deputado federal Daniel Silveira, condenado pelos ministros do STF com inédito rigor pelo crime de opinião, não previsto no ordenamento jurídico brasileiro. O decreto presidencial é claro:

“Fica concedida graça constitucional a Daniel Lúcio da Silveira, deputado federal condenado pelo Supremo Tribunal Federal em 20 de abril de 2022 no âmbito da Ação Penal nº 1.044 a pena de oito anos e nove meses de reclusão em regime inicial fechado. A graça de que trata este decreto é incondicionada e será concedida independentemente do trânsito em julgado da sentença penal condenatória.”

Previsão legal

O perdão encontra-se previsto em lei e pode ser concedido pelo presidente da República por meio de decreto. Bolsonaro afirmou que o ato seria publicado no “Diário Oficial da União”, o que se efetivou logo após o anúncio, em edição extra da publicação. Com a medida, é evidente que o clima de tensão que existe entre o presidente e o STF chegou ao seu ponto máximo. Os próximos dias prometem ser bastante tensos entre o Poder Executivo e o Judiciário.

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As ruas silenciosas de Paris, bem diferentes das pesquisas
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