Segunda-feira, 23 de dezembro de 2024
Por Redação Rádio Pampa | 15 de dezembro de 2022
Muitas pessoas consideram o adoçante uma alternativa saudável ao açúcar normal, no entanto, um estudo realizado por investigadores da Faculdade de Medicina da Universidade Estadual da Flórida permitiu apurar que é possível que um adoçante artificial esteja relacionado com comportamentos semelhantes a ansiedade, em ratinhos. Este adoçante, denominado aspartame, está presente em quase cinco mil alimentos e bebidas dietéticos.
O estudo, publicado na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences, permitu apurar que entre os animais que consumiram aspartame os sintomas de ansiedade eram comuns, e que os seus efeitos se prolongaram, ao longo de duas gerações, entre os ratos machos que foram expostos ao adoçante.
Segundo o co-autor Pradeep Bhide, a investigação mostra que se deve dar atenção aos fatores ambientais pois o que se vê hoje não é apenas resultado do presente, mas reflexo do que se passou há duas gerações atrás, ou até há mais tempo.
O estudo aconteceu, em parte, devido a investigações anteriores do Bhide Lab sobre os efeitos transgeracionais da nicotina em ratinhos. A investigação revelou mudanças temporárias, ou epigenéticas, nas células espermáticas dos ratinhos.
Ao contrário das alterações genéticas (mutações), as alterações epigenéticas são reversíveis e não alteram a sequência do ADN, no entanto, podem alterar a forma como o corpo lê uma sequência de ADN.
Os investigadores constataram que, nos ratinhos, a exposição ao aspartame levou a mudanças na expressão de genes que regulam a ansiedade e o medo.
No estudo, os ratos consumiram água potável que continha aspartame, em aproximadamente 15% da ingestão diária. Esta dose equivale ao consumo de seis a oito latas de um refrigerante diet ou light, por dia, em humanos. O estudo durou, no total, quatro anos.
Foi possível observar um comportamento de ansiedade pronunciado nos animais, o que surpreendeu os investigadores, pois normalmente detetam-se apenas mudanças subtis. Após a administração de diazepam, um medicamento usado para tratar o transtorno de ansiedade em humanos, os ratinhos de todas as gerações deixaram de apresentar comportamento semelhante ao da ansiedade.
Os investigadores estão a planear uma publicação adicional deste estudo com o foco na maneira como o aspartame afetou a memória. Investigações futuras permitirão identificar os mecanismos moleculares que influenciam a transmissão do efeito do aspartame entre as várias gerações.
A FDA aprovou o aspartame como adoçante em 1981. Atualmente, são produzidas por ano quase 5.000 toneladas. Quando ingerido, o aspartame transforma-se em ácido aspártico, fenilalanina e metanol, todas substâncias que podem ter efeitos potentes no sistema nervoso central.