Domingo, 08 de setembro de 2024

Adolescentes são expostos aos piores aspectos da natureza humana nas redes sociais

Notificações constantes, scroll infinito (os famosos “feeds infinitos” de conteúdos) e conteúdos virais. Esses são alguns recursos das mídias sociais que têm alarmado especialistas em saúde pelo mundo pelo potencial de fisgarem nossa atenção, principalmente quando o assunto são crianças e adolescentes. Um deles é o psicólogo e linguista canadense Steven Pinker, professor da Universidade Harvard, nos Estados Unidos. No entanto, para ele, só esses aspectos não são capazes de elucidar o tamanho do desafio que encaramos.

Ele frisou que não podemos esquecer de como a humanidade também gosta de transferir a culpa de suas mazelas para a tecnologia. “São adolescentes reais tornando a vida de outros (adolescentes) miserável”, falou ele, durante coletiva de imprensa no Congresso Brain 2024: Cérebro, Comportamento e Emoções, realizado no Rio de Janeiro.

“Nas redes sociais, os adolescentes são expostos a alguns dos piores aspectos da natureza humana, como insultos, sarcasmo e competição social, tentando deliberadamente competir no status, fazendo outros adolescentes se sentirem mal consigo mesmos”, continuou.

Ele fez um aceno às recomendações do psicólogo americano Jonathan Haidt, autor do best-seller A Geração Ansiosa: Como a infância hiperconectada está causando uma epidemia de transtornos mentais. A obra ganhou uma versão brasileira na última sexta-feira (12), mas já esteve presente nas falas de diversos especialistas durante o Congresso Brain.

As quatro principais orientações de Haidt são:

Nada de smartphone antes do nono ano (por volta dos 14 anos): adiar o contato com aparelhos que deem amplo acesso à internet (se eles forem realmente necessários, os responsáveis devem fornecer equipamentos mais básicos);

Nada de redes sociais antes dos dezesseis anos.

Nada de celular na escola.

Muito mais brincar não supervisionado e independência na infância.

Christian Kieling, professor do departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), considera a quarta orientação de Haidt como a mais importante, e acha que proibições não são tão produtivas. “Trabalhando com adolescentes, sabemos que se for proibido talvez seja mais atrativo ainda.” Ele estava no Congresso do Brain e foi um dos que trouxe o best-seller ao debate.

Os grandes argumentos do livro de Haidt é que a geração Z, os nascidos entre 1995 e 2010, é a geração ansiosa, e que isso ocorre devido a uma “grande reconfiguração” da infância, que passou de baseada no brincar para baseada no celular. Para ele, essa transição é causada por dois fenômenos: uma superproteção física a partir dos anos 1980, que remove as crianças da rua com a percepção dos riscos de estar sozinho nesses espaços pelos pais; e uma subproteção da vida digital.

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