Sexta-feira, 24 de janeiro de 2025

Ainda sem aprovação da Anvisa, Instituto Butantan começa a produzir vacina contra a dengue

O Instituto Butantan começou a fabricar as primeiras doses da vacina contra a dengue em São Paulo. A previsão é produzir 1 milhão de doses neste ano e 100 milhões até 2027.

Em dezembro do ano passado, o Butantan concluiu o envio de documentos necessários para a submissão do registro à Anvisa. Em nota, a agência diz que o processo está em fase de submissão de documentos, que é anterior ao pedido de registro, e não há prazo de conclusão.

O Instituto Butantan vem trabalhando há décadas no imunizante. Os cientistas coletaram e acompanharam os dados de 17 mil voluntários no país inteiro. A taxa de eficácia geral foi de 79,6%. E a proteção foi ainda maior para os casos graves da doença: de 89%.

A Butantan-DV é a primeira opção de vacina contra a doença que pode ser aplicada em uma única dose. Ela é tetravalente – com proteção contra os quatro tipos da dengue – e poderá ser aplicada em pessoas entre 2 anos e 60 anos incompletos.

“A vacina Butantan-DV traz dois grandes benefícios demonstrados pelos estudos que a gente fez. O primeiro é uma carapaça de proteção do sistema de defesa, a gente chama esse sistema imune induzido pela vacina, que depois que o Aedes aegypti pica, o vírus não consegue se multiplicar ali embaixo da pele da pessoa. E o segundo é que, mesmo que isso aconteça, há uma redução muito significativa de desenvolver formas graves da doença”, afirmou Esper Kallás, diretor-técnico do Butantan, ao SP2.

Ineditismo

O Instituto Butantan diz que concluiu em 16 de dezembro de 2024 o envio da última leva de documentos necessários para a submissão do registro da vacina à Anvisa.

A agência informou que o processo está em fase de submissão de documentos, que é anterior ao pedido de registro. E não há prazo de conclusão.

Se aprovada, a Butantan-DV será a primeira vacina contra a dengue no mundo em dose única.

“Pioneira no mundo, vacina dose única pra faixa etária mais larga testada até hoje, para as pessoas que tiveram ou não, tiveram dengue, a vacina tem um desempenho muito bom e portanto a gente vê aqui uma vitória da ciência brasileira, uma vitória de uma instituição pública brasileira, mas pendente a aprovação da Anvisa, que a gente aguarda manifestação da agência”, ressalta Esper Kallás

Idosos

O Instituto Butantan prevê iniciar um estudo para avaliar se a Butantan-DV pode ser aplicada em pessoas com 60 anos ou mais, no segundo semestre deste ano.

Questionado sobre por que os estudos com idosos não iniciaram antes, Kallás afirmou que os pesquisadores estavam aguardando os dados de eficácia ficarem prontos, consolidados, e fecharem o pacote. Segundo ele, o instituto trabalha no desenho do estudo, que deve envolver cerca de 700 pacientes, desde o ano passado. A faixa etária prevista vai de 60 a 80 anos, informou.

O grupo etário já é mais amplo do que o da única vacina aprovada para uso no País — a Qdenga, da farmacêutica japonesa Takeda, tem indicação de uso em pacientes de 4 a 60 anos —, mas ainda exclui os idosos, considerados mais vulneráveis ao agravamento da doença. Para se ter uma ideia, seis em cada dez (cerca de 64%) mortes por dengue no ano passado, quando o Brasil registrou mais de 6,6 mil vítimas, foram de pessoas com 60 anos ou mais, segundo dados do Ministério da Saúde. (Com informações de agências de notícia e Estadão Conteúdo)

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