Segunda-feira, 23 de dezembro de 2024

Algoritmo identifica asteroide “potencialmente perigoso” pela 1ª vez

Um novo algoritmo criado para descobrir asteroides próximos da Terra identificou seu primeiro objeto “potencialmente perigoso”. Trata-se da rocha espacial 2022 SF289, com cerca de 182 metros de diâmetro — o que equivale a mais de seis vezes o tamanho do Cristo Redentor, monumento carioca com 30 metros de altura (sem contar o pedestal).

A distância mais próxima que este asteroide pode ficar da órbita da Terra é de aproximadamente 225 mil km, o que é mais próximo do que a distância da Lua ao nosso planeta (384,4 mil km). Apesar dessa proximidade, os cientistas garantem não haver perigo de impacto da rocha espacial conosco em um futuro previsível.

A descoberta do asteroide – que foi classificado como “potencialmente perigoso” devido ao seu tamanho – ocorreu durante um teste do algoritmo HelioLinc3D com a pesquisa ATLAS no Havaí. O seu desempenho demonstra que a tecnologia pode identificar asteroides próximos da Terra com menos observações do que atualmente e com avistamentos mais espaçados.

O algoritmo foi projetado para uma pesquisa de 10 anos do céu noturno do Observatório Vera C. Rubin, que está sendo construído em meio ao deserto do Atacama, no Chile. “Ao demonstrar a eficácia do mundo real do software que Rubin usará para procurar milhares de asteroides potencialmente perigosos ainda desconhecidos, a descoberta de 2022 SF289 nos torna mais seguros”, comenta Ari Heinze, principal desenvolvedor do algoritmo, em comunicado.

Os “asteroides potencialmente perigosos” (conhecidos pela sigla PHAs, para Potentially Hazardous Asteroids) são os objetos próximos da Terra (NEOs, Near-Earth Objects) mais próximos de todos. Eles ficam a uma trajetória que os leva até cerca de 8 milhões de quilômetros da órbita terrestre, ou 20 vezes a distância entre o nosso mundo e a Lua.

Os PHAs são procurados para garantir que não colidam com a Terra, destruindo nosso planeta. Os cientistas procuram por tais objetos usando sistemas de telescópios especializados, como a pesquisa ATLAS financiada pela Nasa, dirigida por uma equipe do Instituto de Astronomia da Universidade do Havaí.

Os pesquisadores americanos fazem isso tirando fotos de partes do céu pelo menos quatro vezes todas as noites. Eles notam um ponto de luz movendo-se inequivocamente em linha reta sobre a série de imagens. Com este método, já foram descobertos 2.350 PHAs; mas estima-se que pelo menos o mesmo número de asteroides ainda aguarde descoberta.

O Observatório Vera C. Rubin está pronto para se juntar à busca por esses objetos no início de 2025. O céu será escaneado com rapidez sem precedentes graças ao seu espelho de 8,4 metros e sua enorme câmera de 3.200 megapixels. Suas observações aumentarão drasticamente as descobertas, visitando pontos no céu duas vezes por noite, em vez das quatro vezes necessárias pelos telescópios atuais.

Com Rubin ainda em construção, os astrônomos lideres do ATLAS, John Tonry e Larry Denneau, ofereceram seus dados para um teste do algoritmo HelioLinc3D. Os cientistas queriam saber se ele era capaz de descobrir um novo asteroide com os poucos dados já existentes.

Em 18 de julho de 2023, a equipe localizou seu primeiro PHA: 2022 SF289, inicialmente fotografado pelo ATLAS em 19 de setembro de 2022 a uma distância de 20,9 milhões de km da Terra. O projeto observou o asteroide três vezes em quatro noites separadas, mas nunca as quatro vezes em uma noite para identificá-lo.

Mas o HelioLinc3D trouxe esta descoberta, confirmada por observações adicionais do Pan-STARRS e do Catalina Sky Survey. “Esta é apenas uma pequena amostra do que esperar do Observatório Rubin em menos de dois anos, quando o HelioLinc3D descobrirá um objeto como este todas as noites”, afirma Rubin Mario Jurić, líder da equipe por trás do algoritmo.

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