Domingo, 12 de janeiro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 11 de janeiro de 2025
A alta no preço dos alimentos foi principal vilã da inflação de 2024, com acumulado de 7,69%, o maior desde 2022. Esse cenário deve se estender para o ano de 2025, mesmo com perspectivas de safras maiores e condições climáticas menos adversas este ano. Porém, de acordo com analistas, outros itens também irão registrar aumento nos preços, influenciados pelo dólar alto.
Com Donald Trump eleito presidente nos Estados Unidos, a moeda deve se valorizar, elevando ou mantendo o já alto valor das commodities agrícolas. Se em 2024 alimentos como as carnes (que subiram quase 21%, maior alta em cinco anos), o café (39,60%) e o azeite (21,53%) estão entre os que mais pressionaram a inflação , em 2025, produtos, como soja, milho, açúcar, e novamente o café, que têm preços cotados em bolsas internacionais, também devem ficar mais caros.
Porém, apesar da desvalorização do câmbio, analistas acreditam que o clima deve beneficiar a agricultura, promovendo maiores safras, e de certa forma favorecendo preços mais baixos na parte de alimentação.
“Ainda que pese essa desvalorização cambial, a gente acha que a influência da agricultura na inflação deste ano vai ser menor. Mas outros grupos devem ganhar um protagonismo maior. Então, preços administrados vão subir mais, assim como serviços e bens duráveis, impulsionados pelo câmbio. Então, tem muitas pressões espalhadas, o que não é bom. Porque aí a inflação fica mais difícil de ser contida”, explica André Braz, economista do FGV Ibre.
Impacto na baixa renda
A pressão nos preços de alimentos pode se converter em dor de cabeça também para o governo, por ter impacto mais forte na população de baixa renda. Mesmo em um cenário de aceleração da economia, com demprego nas mínimas históricas, a alta no preço da comida afeta a percepção de bem-estar e o poder de compra.
“O que tem acelerado mais é a inflação da população de baixa de renda, porque é a parcela que dispende mais da sua renda com a alimentação, que é justamente o que está subindo mais agora, enquanto a população de mais alta renda acaba gastando mais com o serviço. A inflação é sempre um dos maiores detratores da popularidade dos governos em geral, e esse é um cenário que, para frente, vai continuar pressionado”, explica Lucas Barbosa, economista do AZ Quest.
E, de acordo com ele, assim como o protagonismo da alta do preços deve se espalhar mais em 2025, a sensação de diminuição de poder de compra da população também estará presente em outros produtos, não só nos alimentos.
“A parte de alimentação acaba sendo o principal, mas o que a gente está observando é uma inflação espalhada por todos os setores, indo também para produtos industriais, por causa do câmbio, e para os serviços, por causa de um desemprego muito baixo. Então, a renda está muito sustentada ainda, e o consumo deve continuar bastante forte, mas com uma sensação de poder de compra baixa”, conclui.
Outros itens devem ficar mais caros este ano, segundo, Braz, como tarifa de ônibus urbano, mensalidade escolar e automóveis. Para ele, esse cenário indica que a política monetária deve continuar sendo mais austera, prometendo aumentos de juro mais fortes nas próximas reuniões do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom).