Segunda-feira, 23 de dezembro de 2024

Amostras do asteroide Bennu contêm carbono e água, revela a Nasa

A Nasa, agência espacial norte-americana, divulgou estudos iniciais da amostra do asteroide Bennu, de 4,5 bilhões de anos, que mostram evidências do alto teor de carbono e água, componentes essenciais para a formação da vida na Terra. Esta descoberta fez parte de uma avaliação preliminar da equipe científica OSIRIS-REx.

O carbono representa quase 5% do peso total da amostra e estava presente tanto na forma orgânica quanto mineral, enquanto a água estava contida dentro da estrutura cristalina dos minerais argilosos, disse.

Os cientistas acreditam que a razão pela qual a Terra tem oceanos, lagos e rios é porque foi impactada por asteroides que transportavam água entre 4 e 4,5 bilhões de anos atrás, tornando o planeta habitável.

A vida na Terra se baseia no carbono, que se liga a outros elementos para produzir proteínas e enzimas, assim como os componentes básicos do DNA e do RNA.

Maior amostra

A OSIRIS-REx não foi a primeira sonda a encontrar um asteroide e trazer amostras para estudo: o Japão já conseguiu a façanha duas vezes, trazendo para a Terra poeira celestial em 2010 e 2020.

Mas a quantidade obtida agora, aproximadamente 250 gramas, supera com folga a coletada pelas missões japonesas – a Hayabusa2 obteve apenas 5,4 gramas.

Bennu, que recebeu o nome de uma divindade egípcia antiga, é um “artefato primordial conservado no vácuo do espaço”, segundo a Nasa, o que o torna um objeto atraente de estudo.

A órbita de Bennu, que cruza a da Terra, também tornou a viagem de ida e volta mais fácil do que ir ao cinturão de asteroides, entre Marte e Júpiter.

Estudos posteriores

Até agora, os cientistas não tinham concentrado seus esforços na amostra principal em si, mas nas “partículas adicionais”, descritas como pó preto e restos que recobrem o coletor de amostras.

Em outubro de 2020, quando a sonda OSIRIS-REx disparou gás nitrogênio em Bennu para coletar a amostra, uma armadilha destinada a selá-la se abriu com um pedaço de pedra, o que fez com que parte do material mais fino saísse do coletor, sem escapar totalmente. Por fim, mais material chegou à Terra do que o esperado.

Posteriormente, será feita uma inspeção nos restos da amostra.

Acredita-se que Bennu tenha se formado a partir de pedaços de um asteroide maior no cinturão de asteroides, depois de uma colisão maciça entre 1 e 2 bilhões de anos.

Análises vão permitir obter um inventário dos minerais observados e talvez determinar sua proporção. Em particular, os cientistas acreditam que Bennu contenha minerais hidratados.

O estudo dos asteroides deve permitir aos cientistas entenderem melhor a formação do Sistema Solar e como a Terra se tornou habitável. Alguns cientistas acreditam que asteroides como Bennu poderiam ter trazido à Terra compostos que posteriormente permitiram o surgimento da vida.

A Nasa diz que vai preservar pelo menos 70% da amostra em Houston para estudos futuros, uma prática que começou na época das missões Apolo com rochas lunares.

“As amostras ficarão, então, disponíveis para novas perguntas, novas técnicas, nova instrumentalização em um futuro distante”, disse Eileen Stansbery, chefe da divisão de pesquisas de astromateriais no Centro Espacial Johnson. Serão enviadas peças adicionais para exibição pública.

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