Segunda-feira, 23 de dezembro de 2024

Ansiedade e depressão afetam a saúde dos olhos

O Brasil é considerado o país mais ansioso do mundo pela Organização Mundial da Saúde (OMS). São 18,6 milhões de brasileiros que convivem com a ansiedade e a pandemia fez aumentar outro dado preocupante: a quantidade de antidepressivos e ansiolíticos comercializados no país.

Entre agosto de 2020 e fevereiro de 2021, um levantamento do site Consulta Remédio identificou crescimento de 113% na busca por essa categoria de medicações.

O doutor Hamilton Moreira faz um alerta: “A grande maioria dos ansiolíticos e antidepressivos interfere na acomodação e no tamanho da pupila. A visão embaçada consta como efeito colateral na bula. Mas ainda há muita desinformação e uso indiscriminado”.

Coisas simples como ler, escrever e enxergar a tela do celular, são realizadas pelo músculo do olho, responsável pela acomodação do cristalino. Os medicamentos dificultam essa acomodação e ainda aumentam o tamanho da pupila, causando fenômenos visuais a partir da córnea.

Relação com outras doenças

Em 2020, um levantamento do IBGE revelou que, somando quadros de ansiedade e depressão, há 30 milhões de brasileiros afetados. A pandemia contribuiu para o adoecimento emocional da população, mas esses problemas já eram relativamente comuns entre os 40 e os 60 anos. E é bem nesse período da vida que a visão começa a dar sinais de cansaço – a presbiopia, por exemplo, afeta 100% das pessoas nesta faixa etária.

“É frequente que antidepressivos e ansiolíticos sejam prescritos na terceira idade, após os 60 anos. É a idade da presbiopia e do possível aparecimento de outras doenças oculares, como a catarata e o glaucoma”, salienta o médico. O uso concomitante de substâncias ansiolíticas pode potencializar os sintomas de embaçamento causados pela catarata e prejudicar a lubrificação ocular, acelerando a progressão dos quadros.

“Alguns pacientes, ao tomarem medicações para induzir o sono, podem dormir com os olhos entreabertos. São poucos milímetros, mas que podem deixar os olhos vermelhos ao acordar, tornando-se um incômodo diário”, completa o profissional.

O tratamento com ansiolíticos e antidepressivos tem seu próprio tempo de ação até que a dose seja considerada adequada e o paciente recupere o bem-estar. Neste período, os olhos também podem ficar mais secos, porque a lubrificação depende de boas horas de sono e de piscar adequadamente. “O ato de piscar pode diminuir, gerando quadros de olho vermelho crônico e ardência nos olhos”, explica Moreira.

Dormir bem, comer bem, buscar atividades que tragam prazer, praticar exercícios. Não há fórmula para a felicidade, por isso é preciso cuidar da saúde de maneira abrangente – e isso inclui não deixar a consulta médica para depois, não ingerir remédios sem orientação e sem ler a bula. “Os cuidados com a mente são importantíssimos e muitas vezes negligenciados, e somente o médico pode prescrever remédios, bem como avaliar os efeitos colaterais em pessoas com problemas de visão”, finaliza.

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