Quinta-feira, 21 de novembro de 2024
Por Redação Rádio Pampa | 20 de novembro de 2024
A Rússia acusou a Ucrânia de usar, pela primeira vez desde fevereiro de 2022, mísseis de longo alcance de fabricação norte-americana na guerra no leste europeu. Segundo um comunicado divulgado pelo Kremlin na plataforma Telegram, o exército ucraniano disparou seis mísseis contra o território russo. Cinco deles foram abatidos, mas um míssil conseguiu atingir uma instalação militar na região fronteiriça de Bryansk.
“Como resultado, foi deflagrado um incêndio que foi extinto operacionalmente”, diz a nota russa que informa que o ataque não resultou em mortes ou ferimentos. Segundo a Rússia, os ucranianos utilizaram “mísseis táticos ATACMS de fabricação americana”.
A Ucrânia ainda não confirmou oficialmente o ataque denunciado pela Rússia, mas um alto funcionário do país disse à AFP que, de fato, o arsenal foi utilizado nessa terça-feira (19). O presidente Volodymyr Zelensky ainda não se pronunciou sobre o ataque, mas, recentemente, reconheceu que o seu país tinha os ATACMS e que estava determinado a usá-los, sem dizer quando.
O ataque acontece apenas poucos dias depois do governo de Joe Biden autorizar Kiev a usar os mísseis de longo alcance do tipo ATACMS. A autorização é uma demanda feita pelo presidente ucraniano nos últimos meses, mas que enfrentava resistência norte-americana.
A decisão dos EUA de autorizar o uso desse tipo de míssil se deve aos desdobramentos de um dos mais recentes capítulos da guerra no leste europeu: a suposta presença de tropas da Coreia do Norte ao lado dos militares russos.
Nova fase
Não é de hoje que a Rússia vem indicando que um eventual uso de mísseis de longo alcance pela Ucrânia representaria uma aposta forçada para uma guerra ainda mais violenta. Meses atrás, Vladimir Putin chamou a proposta de “provocação” e prometeu revidar.
Nessa terça, o ministro das Relações Exteriores russo, Serguei Lavrov, que estava no Rio de Janeiro para a reunião de cúpula do G20, comentou o ataque e falou em “nova fase da guerra”.
“Se houver um lançamento de mísseis de longo alcance da Ucrânia em direção ao território russo, significa que estes são operados por especialistas militares dos Estados Unidos. Consideramos que esta é uma nova fase da guerra do Ocidente contra a Rússia e reagiremos em conformidade”, sintetizou Lavrov.
Ainda é cedo para prever quais serão as respostas russas ao ataque, mas uma medida assinada por Putin pode ajudar a entender a marcha dos acontecimentos. Na data em que o conflito no leste europeu completa mil dias, o presidente russo sancionou um decreto que amplia as possibilidades de uso de armas nucleares.
“Entre as condições que justificam o uso de armas nucleares está o lançamento de mísseis balísticos contra a Rússia”, diz o documento. Na prática, o decreto substitui uma regra de 2020, permitindo, agora, que armas nucleares sejam usadas contra um inimigo que represente “uma ameaça crítica à soberania e (ou) integridade territorial” da Rússia ou de Belarus.
Minas terrestres
O governo Biden permitirá que a Ucrânia use minas terrestres antipessoais fornecidas pelos Estados Unidos para ajudar a retardar o progresso da Rússia no campo de batalha na guerra, disse o secretário de defesa dos EUA, Lloyd Austin, nessa quarta (20). A declaração marca a segunda grande mudança de política de Washington, dias depois de decidir permitir que a Ucrânia atinja alvos em solo russo com mísseis de longo alcance fabricados nos EUA.
Lloyd Austin disse que a mudança na política de Washington em relação às minas terrestres antipessoais para a Ucrânia segue a mudança de tática dos russos.
As tropas terrestres russas estão liderando o movimento no campo de batalha, em vez de forças mais protegidas em veículos blindados, de modo que a Ucrânia tem “uma necessidade de coisas que possam ajudar a desacelerar esse esforço por parte dos russos”, disse Austin durante uma viagem ao Laos.
O anúncio foi feito dois meses antes da volta de Donald Trump à Casa Branca. Trump se comprometeu a acabar rapidamente com a guerra e criticou o valor gasto pelos EUA para apoiar a Ucrânia. Os funcionários do governo Biden dizem que estão determinados a ajudar a Ucrânia o máximo possível antes que Joe Biden deixe o cargo.