Domingo, 19 de janeiro de 2025

Apoio de Trump no FMI pode ajudar a Argentina. País tem 1º superávit fiscal em 16 anos

Em 2024, o governo do presidente argentino, Javier Milei, despertou o entusiasmo dos mercados com sua drástica política de ajuste fiscal e bem-sucedida estratégia de controle da inflação. A taxa de risco da Argentina caiu de forma expressiva, e hoje está em torno dos 600 pontos básicos.

O Ministério da Economia informou que o país alcançou um superávit fiscal de 1,8% do PIB em 2024, o primeiro resultado positivo em 16 anos.

Mas Milei tem um grande desafio pela frente: normalizar o mercado cambial, que ainda convive com vários tipos de cotação da moeda.

Esse é um dos pontos centrais das discussões da Casa Rosada atualmente com o FMI que, como muitos outros atores econômicos dentro e fora da Argentina, alerta para um “atrasado cambial” (leia-se um dólar excessivamente desvalorizado em relação ao peso) que poderia trazer consequências em matéria de atividade econômica.

A posse de Trump, na segunda-feira —evento do qual participará Milei como convidado especial —gera enorme expectativa na Argentina. O governo espera acelerar um novo entendimento com o Fundo que permita, finalmente, resolver o dilema do dólar.

O grande problema de Milei é como normalizar o câmbio em meio aos riscos que uma medida do tipo implica, num ano em que seu governo enfrentará um importantíssimo teste eleitoral: as Legislativas de outubro, cruciais para que o chefe de Estado possa ampliar o espaço de seu partido no Parlamento e deixar de depender de aliados circunstanciais.

— Sabemos que o FMI espera um dólar mais valorizado, a questão é que para Milei não é simples fazer isso num ano eleitoral. O câmbio é uma âncora importante para Milei e manter a inflação baixa é seu principal acordo com a sociedade — diz Amilcar Collante, da Profit Consultores.

Antes da chegada de Milei ao poder, a Argentina era meme global com mais de 40 tipos de dólar diferentes. Com uma política caótica e errática, o governo do ex-presidente peronista Alberto Fernández permitiu a criação de diversas cotações para produtos como soja, vinhos, bens eletrônicos e frutas, entre muitos outras.

O governo Milei conseguiu gradualmente reduzir a brecha entre o dólar oficial e o paralelo, e assim, foram desaparecendo os diversos tipos de dólar que vigoraram no governo anterior.

— Antes tínhamos uma espécie de segmentação por produtos. Cada produto tinha um tipo de dólar diferente, era uma loucura. Isso desapareceu. Hoje temos menos de dez tipos de dólar, e, essencialmente, os que contam são o oficial, o blue e a cotação usada pelos bancos e para operações de comprar de dólares feitas através da compra e venda de ações no mercado financeiro — explica Collante.

Na última terça-feira, o Indec (IBGE local) informou que em dezembro a inflação mensal foi de 2,7%. Assim, o acumulado do ano atingiu 117,8%, acima da expectativa da Casa Rosada.

Para manter a “âncora” cambial forte, o governo reduziu o percentual mensal de desvalorização do peso em relação ao dólar de 2% para 1%, o chamado crawling peg, ou microdesvalorizações mensais da moeda argentina. Tudo em nome de continuar o combate à inflação e, na frente política, fortalecer os candidatos do governo na campanha eleitoral.

“Cepo” é Desafio

Exemplo das limitações do câmbio é o chamado “cepo”, mecanismo que limita as operações de compra de dólares e que vigora mesmo sendo um emblema dos governos peronistas e kirchneristas. Milei quer acabar com o “cepo”, mas diz que, antes, precisa aumentar as reservas.

— Temos um esquema de tipo de câmbio cada vez mais fixo, na contramão do que pede o FMI. Mas a Argentina continua com um problema de reservas e acesso ao crédito — diz Marina Dal Poggeto, diretora-executiva da EcoGo Consultores.

Na opinião de Fernando Corvaro, da Pampa Capital, “se desvalorizar fosse a solução seríamos o país mais rico do mundo”. Corvaro acredita que a solução não é promover uma desvalorização do peso e sim “reduzir regulações e impostos”, para impulsionar a atividade econômica.

— Quando tivermos o dinheiro que o FMI com certeza dará ao país tiraremos o “cepo”. Precisamos de pelo menos US$ 10 bilhões, e o Fundo está muito satisfeito com a Argentina de Milei. Acho que antes do primeiro trimestre terminar o país vai normalizar o câmbio — afirma Corvaro, sem hesitar. As informações são do portal O Globo.

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