Sexta-feira, 24 de janeiro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 23 de janeiro de 2025
O governo panamenho iniciou uma auditoria para investigar a subsidiária da empresa chinesa Hutchison Holdings, que opera diversos portos no Canal do Panamá. A investigação ocorre em meio a declarações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que promete retomar a passagem marítima, alegando que a China controla suas operações.
O diretor da autoridade marítima do Panamá, Max Florez Árias, disse que já houve uma reunião com o controlador-geral, Anel Flores, sobre a auditoria nos terminais controlados pela Panamá Ports Company, subsidiária da Hutchison Holdings, que tem sede em Hong Kong – ela opera os portos de Balboa (Pacífico) e San Cristóbal (Atlântico). “Estamos tentando determinar se os contratos de concessão estão sendo cumpridos”, disse.
Em comunicado, a Hutchinson Ports disse que continuará mantendo uma relação transparente e colaborativa com as autoridades panamenhas. O porta-voz da chancelaria da China, Mao Ning, disse nessa quarta-feira (22) que não participa da operação do canal e nunca interferiu nos assuntos do Panamá.
Após anunciar a auditoria, o governo do Panamá voltou a dizer que o canal é panamenho. O presidente, José Raúl Mulino, afirmou, em Davos, que a passagem não é uma concessão e nem um presente. “Rejeito tudo o que Trump diz, primeiro porque é falso. Segundo, porque o Canal do Panamá pertence ao Panamá e continuará a pertencer ao Panamá.”
Ameaça de Trump
Na segunda-feira (20), Trump reiterou sua intenção de assumir o controle do canal. “A China está operando o Canal do Panamá e nós não o demos à China. Nós o demos ao Panamá e vamos tomá-lo de volta”, disse o americano.
O canal foi construído em 1914 pelos americanos e devolvido ao Panamá por meio de um acordo assinado pelo então presidente dos EUA, Jimmy Carter, em 1977 – a soberania panamenha foi retomada em 1999.
O chefe da diplomacia americana, Marco Rubio, argumentou que os portos geridos pela Hutchison Holdings poderiam ser utilizados por Pequim para bloquear o comércio no Canal em um eventual conflito com Washington.
“Não se pode passar por cima do direito internacional para impor critérios em uma era Defesa Presidente panamenho reitera soberania de seu país e rejeita tese de que a China opera o canal muito distante da de Teddy Roosevelt”, disse Mulino, se referindo ao ex-presidente americano que construiu o canal. Hoje, EUA e China são os maiores usuários da passagem de 82 quilômetros.
Dívida
Nos últimos três anos, a Hutchison Holdings informou ter pago ao Panamá “a soma de US$ 59 milhões, que inclui pagamentos antecipados de dividendos, totalizando US$ 658 milhões durante a concessão”, de acordo com comunicado da empresa, sediada em Hong Kong.
A resposta veio após declarações do controlador panamenho, Anel Flores, que afirmou que a subsidiária Panama Ports Company não havia pago “nem um centavo” ao Estado nos últimos três anos.
A Hutchison Holdings afirmou que seus aportes ao Estado panamenho superam “as contribuições de qualquer outra empresa portuária no Panamá”. Além disso, destacou ter investido US$ 1,7 bilhão em infraestrutura e equipamentos.