Segunda-feira, 24 de fevereiro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 13 de fevereiro de 2025
Durante muito tempo pensou-se que o envelhecimento era um processo contínuo e progressivo, com deterioração biológica gradual ao longo da vida. A teoria predominante sustentava que as mudanças relacionadas à idade ocorriam de forma linear, influenciadas por fatores genéticos e ambientais cumulativos. Nessa perspectiva, a saúde e a longevidade dependiam principalmente do acúmulo de danos celulares, do estresse oxidativo e da deterioração progressiva dos sistemas fisiológicos.
No entanto, um estudo recente da Universidade de Stanford desafiou essa visão tradicional. Pesquisadores descobriram que o envelhecimento não ocorre uniformemente, mas em “saltos” ou “pontos de virada” ao longo da vida, uma descoberta que levanta um novo foco sobre como e quando as mudanças mais significativas ocorrem em nossos corpos.
Para analisar esse fenômeno, a equipe de cientistas realizou um estudo longitudinal no qual examinou 108 pessoas entre 25 e 75 anos por um período médio de 1,7 anos. Utilizando tecnologias multiômicas avançadas, eles analisaram vários aspectos biológicos, como expressão genética (transcriptômica), proteínas celulares (proteômica), metabólitos resultantes de processos metabólicos (metabolômica) e citocinas, moléculas essenciais na resposta imune.
Os resultados foram reveladores. Em vez de um declínio gradual e constante, os pesquisadores identificaram dois momentos chave em que o envelhecimento se acelera significativamente: por volta dos 44 anos e novamente aos 60 anos. Nesses pontos, ocorrem mudanças profundas no metabolismo, na resposta imunológica e na inflamação sistêmica.
As duas “explosões” do envelhecimento: o que acontece no corpo
O primeiro ponto de inflexão ocorre por volta dos 44 anos, quando os pesquisadores detectam alterações no metabolismo de carboidratos e lipídios. Esse desequilíbrio pode explicar por que muitas pessoas começam a notar ganho de peso e maiores dificuldades em manter a composição corporal nessa fase da vida.
Além dessas alterações metabólicas, o estudo mostrou sinais de desregulação imunológica. Isso indica que o sistema imunológico começa a perder eficácia, o que pode se traduzir em maior vulnerabilidade a infecções e menor capacidade de regeneração celular. Juntos, esses fatores podem estar na base do desenvolvimento de doenças crônicas relacionadas à idade.
A segunda “explosão” do envelhecimento ocorre por volta dos 60 anos, quando o corpo experimenta um aumento acentuado na inflamação crônica, também conhecida como “ inflammaging ”. Esse processo está associado a uma maior predisposição a doenças como diabetes tipo 2, condições cardiovasculares e certos tipos de câncer, de acordo com estudos publicados na PMC.
Ao mesmo tempo, observou-se uma deterioração mais pronunciada na regulação dos níveis de glicose e lipídios no sangue, o que aumenta o risco de doenças metabólicas e cardiovasculares. À medida que o corpo perde a capacidade de manter a homeostase, o envelhecimento biológico acelera ainda mais, intensificando os efeitos da passagem do tempo na saúde.
Essas “explosões” de envelhecimento podem ser interrompidas?
Embora o envelhecimento seja um processo inevitável, as descobertas deste estudo oferecem novas possibilidades para a criação de estratégias para mitigar seus efeitos nestes momentos críticos. De acordo com um estudo publicado no JAMA Network Open, as principais recomendações incluem: