Segunda-feira, 25 de novembro de 2024

As seis maneiras mais comuns (e erradas) de combater a ansiedade

Podemos ter uma ideia do sofrimento de ter um transtorno de ansiedade porque todos nós já passamos por isso. Nos momentos antes de falar em público (o rosto pálido e suor frio nas mãos), no meio daquele voo turbulento insuportável (agarrando-se inutilmente ao apoio de braço, pisando em um de freio imaginário), naquela loja movimentada do centro de onde, sem motivo explicável, você teve que escapar. Só que os pacientes que convivem com a ansiedade têm essas sensações terríveis quase o tempo todo, com uma intensidade incapacitante e muitas vezes de forma incompatível com uma vida, não digamos feliz, mas aceitável.

O problema às vezes são os remédios a que recorremos, que podem ser prejudiciais ou contraproducentes.

Exagerar nos ansiolíticos

A indicação segue a mesma lógica de recorrer a analgésicos quando se tem dor de cabeça. Os benzodiazepínicos (lorazepam, diazepam, bromazepam, etc.) atuam no sistema inibitório do GABA no cérebro, favorecendo a calma, o relaxamento muscular e a indução do sono. No entanto, as diretrizes clínicas recomendam limitar seu uso a dois meses (e outro de retirada gradual).

Consumir álcool ou drogas

Substâncias tóxicas como bebidas alcóolicas são mais normalizadas em nossa sociedade, e seus riscos e consequências negativas no cérebro são frequentemente banalizados. Já vimos muitas vezes que a ansiedade pode ser a porta de entrada para o alcoolismo grave, e que entre 7% e 10% daqueles que experimentam a maconha “para se acalmar” desenvolvem uma dependência. Estas substâncias não podem ser a solução.

Fugir e evitar

A má notícia para quem sofre de ansiedade é que a fuga constante do desconforto aumenta a ansiedade. A esperança está no contrário, isso porque o paciente que enfrenta seus medos e se expõe progressivamente, melhor ainda se for com ajuda profissional, tem boas chances de melhorar. Evitar consiste em ficar em casa esperando que a ansiedade pare, espontaneamente. Ou, se a ansiedade foi desencadeada no ambiente de trabalho, caso se apoie em atestados médicos pelo maior tempo possível: o retorno será difícil. Claro, ninguém gosta de ficar doente e a honestidade de uma pessoa que está sofrendo não deve ser questionada.

Buscar pseudoterapias

Produto do desespero ou sugerido pelo discurso anticientífico pós-moderno, alguns pacientes buscam o remédio nas pedras quentes, na acupuntura ou no reiki. Haverá quem o ajude, mas não pode ser uma alternativa ao nível dos tratamentos cientificamente validados, farmacológicos ou psicoterapêuticos. São opções atrativas, por vezes oferecendo a fantasia de um olhar mais holístico (o que pode ser verdade), mas porque não apostar num método transparente e replicável para nos convencer da sua eficácia?

Sempre procurar um motivo

A psicanálise popular e alguns filmes nos convenceram que qualquer transtorno mental é resultado de um conflito complicado intrapsíquico que deve ser revelado por meio de uma longa terapia. Quando o paciente resolve o quebra-cabeça (ou tem insight, é a palavra usada), os sintomas diminuem. Infelizmente, a realidade não costuma ser assim. Há pacientes que se curam sem saber exatamente por que desenvolvem a ansiedade e outros que compreendem perfeitamente a origem histórica do quadro, mas permanecem ansiosos e angustiados, regidos por uma fisiologia hiperativa baseada em um modo permanente de “luta ou fuga”.

Tentar eliminar a ansiedade

Scott Stossel conta isso em seu livro chamado “Ansiedade: Medo, esperança e a procura da paz interior”. O autor, ansioso na primeira pessoa e frustrado por décadas de terapias malsucedidas, finalmente considera viver com ansiedade, parar de odiá-la. Pense que sempre existiram pessoas mais tímidas que o normal, cautelosas, sensíveis à rejeição, excessivamente empáticas, o que hoje destoa do nosso mundo competitivo e é considerado um temperamento ansioso.

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