Segunda-feira, 23 de dezembro de 2024
Por Redação Rádio Pampa | 4 de maio de 2023
Enquanto os terráqueos realizavam suas tarefas diárias em maio de 2020, outro planeta em nossa galáxia estava morrendo – uma estrela o engoliu em um jantar galáctico. Pesquisadores observaram o evento no momento em que aconteceu, marcando a primeira vez que alguém capturou uma estrela engolindo um planeta em tempo real.
O estudo, divulgado na revista científica Nature, foi feito por uma equipe formada por cientistas do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), Universidade de Harvard, Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech), dos Estados Unidos, e outras instituições. Nele, os cientistas contam que observaram um planeta –provavelmente um corpo quente do tamanho de Júpiter – girando perto de uma estrela que tinha cerca de mil vezes o seu tamanho, até finalmente ser ingerido pelo núcleo dela.
Os cientistas dizem que a estrela ficou maior e pelo menos 100 vezes mais brilhante em apenas dez dias. Depois, rapidamente desapareceu e voltou ao seu estado normal, como se tivesse terminado de digerir o planeta.
A Agência Aeroespacial dos Estados Unidos (Nasa) divulgou uma simulação do evento no Twitter. “Há muito tempo pensamos que, no final de suas vidas, estrelas como o nosso Sol aumentam em até 100 vezes o seu diâmetro e consomem os planetas circundantes. Agora vimos isto. A 15 mil anos-luz de distância, uma estrela faminta consumiu um planeta próximo”, disse.
Final da Terra
A nova observação nos ajuda a entender mais sobre o arco final da própria Terra. Muitos astrônomos acreditam que a Terra sofrerá um destino semelhante daqui a bilhões de anos, quando nosso próprio Sol, em evolução, ficará sem combustível, inflará e consumirá seus vizinhos planetários mais próximos.
Os humanos provavelmente não estarão por perto para este evento, já que, em crescimento, o Sol provavelmente fritará a Terra primeiro, tornando-a inóspita para a vida. “É um tanto poético porque tudo o que vemos ao nosso redor, tudo o que construímos ao nosso redor, será queimado em um flash quando o Sol decidir evoluir e ficar inchado daqui a 5 bilhões de anos”, disse Kishalay De, principal autor do estudo e aluno de pós-doutorado no MIT, em entrevista coletiva.
Deixando de lado o futuro sombrio da Terra, os cientistas estão impressionados com a observação inovadora. “Uau! Essa é a minha primeira reação”, disse Amanda Karakas, astrofísica da Monash University, na Austrália, que não participou do estudo, em um e-mail. “Ele certamente fornece pistas sobre o que acontecerá com os planetas do nosso sistema solar e com a Terra daqui a muitos anos.”
A descoberta
A equipe tropeçou nessa descoberta por acidente. Estava inicialmente procurando por sinais de erupções de sistemas estelares binários, nos quais duas estrelas orbitam uma à outra e uma brilha periodicamente à medida que extrai massa da outra.
Eles olhavam para os dados do Zwicky Transient Facility, no observatório Palomar, da Caltech – um projeto de observação astronômica que registra imagens do céu todas as noites e permite detectar estrelas que mudam rapidamente de brilho.
Foi então que notaram que uma estrela ficou mais de 100 vezes mais brilhante em pouco mais de uma semana. Ela estava a cerca de 12 mil anos-luz de distância, perto de uma constelação que tem formato da águia (Aquila), na nossa galáxia.