Domingo, 22 de dezembro de 2024
Por Redação Rádio Pampa | 19 de março de 2023
E se bactérias pudessem eliminar plástico dos oceanos? Ou até restaurar o equilíbrio de uma espécie ameaçada? Em uma discussão sobre o que os microrganismos podem fazer pelo futuro da vida humana, cientistas afastam o temor de séculos pelos germes e defendem aplicações benéficas para o homem.
Bactérias e protozoários são tipos de microrganismos e podem ser encontrados na água, no ar, dentro de outros organismos e no solo. Durante o South by Southwest (SXSW), evento de inovação e tecnologia que terminou nesse domingo (19) em Austin (EUA), pesquisadores discutiram o potencial desses organismos para resolver desafios da humanidade na área de saúde e prevenção do meio-ambiente.
“Os microrganismos evoluem tão rápido que podemos não encontrar em 50, 100 anos o que são os organismos chave, podem já ter sido extintos e substituídos. Com isso, o trabalho de catalogar é muito importante”, explica Raja Dhir, co-fundador e co-CEO da Seed Health, empresa de microbioma
Diversidade
Para Janet Jansson, cientista-chefe e membro do Pacific Northwest National Laboratory, os microrganismos do solo são essenciais para mitigar o impacto humano nos próximos anos. Com as pesquisas em andamento, explica, é possível identificar “o potencial dos microrganismos de salvar nosso planeta”. A cientista conta ainda sobre testes em andamento com bactérias que preservam água nas raízes das plantas, melhorando a irrigação.
Para Janet, estamos perdendo diversidade com as ações humanas no solo, o que pode trazer problemas no futuro, já que são os microrganismos que tornam o solo vivo, e assim podemos cultivar plantas e manter os animais saudáveis.
“O problema atual é que, não é que é sempre bom ter mais microorganismos. Quando perdemos a diversidade, uma parte sempre volta, mas sem as melhores condições de cultivo, podemos não ter a melhor diversidade”, complementa Dhir
E mesmo bactérias que, em teoria, fazem uma boa ação – como devorar plástico dos oceanos –, podem acabar afetando o equilíbrio ambiental, conta Dhir. Nesse sentido, defende a importância da catalogação.
DNA
Christopher Mason, professor na Weill Cornell, também é um defensor de aumentar o conhecimento sobre os microrganismos já existentes. O professor conta que ao fazer um teste de sequenciamento de DNA pelos metrôs de Nova York, apenas metade dos organismos eram conhecidos.
“Por pura curiosidade, já que minha filha lambeu o corrimão do metrô, fizemos o sequenciamento do DNA do metrô de Nova York. O que descobrimos foi que metade do DNA não se adequava a nenhum organismo conhecido. Nosso catálogo ainda é muito incompleto”, conta Mason.
O professor, porém, mantém uma visão otimista sobre os desafios que a humanidade ainda vai enfrentar, “Já tivemos que enfrentar desafios coletivos no passado, como a camada de Ozônio, e conseguimos globalmente”, defende.