Quarta-feira, 30 de outubro de 2024
Por Redação Rádio Pampa | 25 de outubro de 2024
O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, afirmou que,
“quando você olha a inflação desancorando e o prêmio de risco onde está hoje é um sinal que nos preocupa muito”. “Estamos olhando para todas as variáveis, queremos ser o mais transparentes possível”, disse Campos Neto ao participar de um evento do UBS, em Washington.
Um pouco antes, comentou que “os ciclos (de política monetária) são diferentes e às vezes você tem um ciclo e tem partes diferentes”. “Obviamente baixar os juros é mais fácil do que elevar juros, todo banco central sabe disso.”
“A mensagem é que vamos trabalhar para atingir a meta”, acrescentou o presidente do BC. Segundo ele, a “economia surpreendeu, o mercado de trabalho surpreendeu, reconhecemos que o hiato mudou e nossas projeções mudaram”.
Em relação à divisão do Comitê de Política Monetária (Copom) na reunião de maio, Campos Neto afirmou que não houve opinião política, apenas visões técnicas diferentes entre a antiga composição (indicada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro) e a atual (indicada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva). Ele reconheceu, no entanto, que a divisão não foi bem vista pelo mercado.
“Daquele ponto em diante (da reunião da divisão), precisaríamos nos juntar e ter consenso ao menos no curto prazo para poder explicar”, comentou o presidente do BC. “Vai haver dissensos no futuro e não tem a ver com opinião política, as pessoas terão visões técnicas diferentes”, complementou.
Independência
Campos Neto voltou a defender a importância da independência da autoridade monetária, afirmando que dissociar o ciclo de política monetária do ciclo político fortalece a credibilidade das instituições.
“Quando você tem mais credibilidade, você tem menos prêmio de risco na curva de juros e você tem menos risco associado ao país. E, quando você tem isso, todas as outras políticas funcionam melhor”, afirmou.
Ele lembrou que o BC, depois de conseguir a autonomia, elevou a Selic em ano eleitoral.
“Esse foi o maior aumento de juros na história de mercados emergentes em um ano de eleições, e só foi possível porque tínhamos autonomia”, afirmou ele, repetindo que o BC agiu com independência nas eleições.
Quando questionado sobre a própria imparcialidade, por ter sido criticado por ligações com a direita no Brasil, Campos Neto disse que é importante diferenciar “proximidade” de dependência.
“Uma coisa é ser próximo, e outra coisa é ter autonomia. Eu posso ser próximo de alguém e ter autonomia, ou posso ser distante e não ter autonomia”, afirmou.