Terça-feira, 26 de novembro de 2024

Bandeira Lilás: saiba se prevenir e como agir em caso de lesão por água-viva

Até os primeiros dias de janeiro, foram registradas no litoral gaúcho mais de nove mil lesões causadas por águas-vivas, de acordo com levantamento da Operação Verão do Corpo de Bombeiros Militar do Rio Grande do Sul. O número pode parecer alto, mas está abaixo dos registrados em anos anteriores neste período. Fato é que esse tipo de incidente é comum nas praias do Sul do Brasil, pois as espécies de águas-vivas que habitam a região se proliferam na mesma época da alta temporada de férias. O importante, portanto, é saber se prevenir e agir rapidamente em caso de queimaduras.

Primeiramente, deve-se evitar entrar na água em pontos onde já foi identificada a presença dos animais. Os guarda-vidas do Corpo de Bombeiros utilizam uma bandeira específica para sinalizar águas-vivas aos banhistas. De cor lilás, ela é posicionada à beira-mar. Também existem produtos comercializados em farmácias como protetores contra águas-vivas. “Esses produtos possuem uma substância incorporada ao protetor solar para atenuar a ação do veneno sobre a pele, agindo como uma proteção extra, dificultando que os tentáculos do animal grudem na pele e até mesmo diminuindo a ação da toxina quando há o contato”, explica a farmacêutica, doutora em Bioquímica e coordenadora da Área da Saúde na UniRitter, Siomara Monteiro.

Vinagre na bolsa de praia

Mas se, mesmo com prevenção, ocorrer uma queimadura, a especialista dá dicas de como agir. O primeiro passo é conhecer a água-viva. “É um animal marinho que habita praticamente todos os oceanos do planeta e possui um corpo gelatinoso em forma de sino. Na fase adulta, formam-se projeções do corpo na forma de tentáculos, que produzem as toxinas que causam queimadura ao tocar na pele”, explica a professora, que aponta que as lesões registradas no Sul do Brasil não costumam ser graves. “Ainda assim, é uma irritação semelhante a uma queimadura por fogo. A toxina causa vermelhidão, ardência e dor, que podem persistir por alguns minutos ou até horas. Mas são sintomas que vão se aliviando com o passar do tempo”, alerta.

Quanto mais tempo o tentáculo ficar em contato com a pele, maior será a lesão. Por isso, ao perceber que houve o contato, deve-se sair do mar. Mas e se ficar algum filamento do animal colado à pele? “Deve-se remover os tentáculos com uma pinça ou até um palitinho de picolé limpo. A própria água do mar ajuda na retirada. No geral, os primeiros socorros mais adequados são lavar o local com a água do mar mesmo e utilizar vinagre (ácido acético), que neutraliza o veneno, assim como o bicarbonato de sódio”, detalha a farmacêutica.

Cuidado com mitos

Ou seja, vinagre e bicarbonato são de fato recomendados para aliviar a ardência. Já outras substâncias presentes no imaginário popular não passam de mitos: “Urina e areia, por exemplo, podem até agravar a queimadura, romper a barreira cutânea e causar inflamação”, adverte Siomara. “Após os primeiros socorros, o tratamento da lesão pode envolver compressas com soro fisiológico gelado, hidratantes ou água termal no local, que ajudam a aliviar a dor. Importante também é proteger a região afetada da luz solar até a pele estar sem qualquer vermelhidão”, orienta. Não existe um medicamento específico para o tratamento da lesão causada pela toxina das águas-vivas, mas pomadas para queimaduras podem ser utilizadas em casos mais severos.

Quando buscar ajuda

Já em quadros de queimaduras muito intensas ou em uma área extensa do corpo, como em casos de crianças pequenas, a orientação é procurar um pronto atendimento. “Não é comum que ocorra uma reação alérgica grave. Porém, em pessoas muito alérgicas, o veneno pode ser um deflagrador para situações como edema de glote ou choque anafilático. Nestes casos, deve-se procurar imediatamente atendimento médico”, aconselha Siomara.

Com os cuidados certos, a lesão deverá regredir com o tempo, desaparecendo a vermelhidão e a dor. “Porém, cada pessoa pode reagir de forma diferente ao contato com uma toxina. Caso os sintomas persistam ou se agravem, é necessário consultar um médico”, reforça.

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