Sexta-feira, 25 de outubro de 2024

Batalha na direita: Ronaldo Caiado deflagra maratona para derrotar Bolsonaro em redutos de Goiás

O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), mergulhou na reta final do segundo turno em uma maratona para eleger seus apadrinhados em Goiânia e na vizinha Aparecida de Goiânia em disputas contra candidatos apoiados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro.

Desde a última sexta-feira (18), Caiado participou de 15 eventos de campanha do correligionário Sandro Mabel, em Goiânia, entre carreatas, eventos fechados e caminhadas para fazer frente ao bolsonarista Fred Rodrigues (PL), que surpreendeu no primeiro turno e acabou na frente de Mabel.

Em Aparecida de Goiânia, na Região Metropolitana, o governador apoia Leandro Vilela (MDB) – primo do vice-governador Daniel Vilela e sobrinho do ex-prefeito Maguito, morto em 2021 – contra Professor Alcides (PL), apoiado por Bolsonaro. A diferença é que Vilela liderou a votação na primeira rodada, ao contrário de Mabel. Lá, Caiado já participou de três agendas ao lado do aliado e estará presente em outras duas até sexta.

Nessa reta final, Caiado chegou a participar de quatro eventos de seu candidato no mesmo dia. Houve ações aos finais de semana, durante a noite e após viagens do governador para fora do Estado. De todos os compromissos desde sexta, apenas nove não tiveram relação com a eleição – como o lançamento privado de uma picape da montadora chinesa BYD.

A eleição de Goiânia ganhou contornos de prévias da direita para 2026 se tornou palco de uma disputa acirrada entre Caiado e Bolsonaro, que vem se atacando publicamente.

Caiado, que está no segundo mandato, se lançou neste ano como pré-candidato à Presidência. O movimento irritou Bolsonaro, que ainda aposta que vai conseguir reverter sua inelegibilidade determinada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) até 2026. Para isso, ele precisa mostrar força política.

Derrotar um governador com 86% de aprovação segundo pesquisa Quaest divulgada em abril passado não só fortaleceria a narrativa de que ele se mantém o maior cabo eleitoral da direita, como ajudaria no plano de inviabilizar potenciais concorrentes nesse campo, fortalecendo a pressão contra o Congresso e o Judiciário por uma anistia política.

Eleger seu candidato em Goiânia, portanto, virou questão de honra para Bolsonaro, que decidiu passar o dia da eleição na capital goiana e junto com a ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro. O ex-presidente, que tem domicílio eleitoral no Rio de Janeiro e não votará no segundo turno, acompanhará Fred Rodrigues em sua seção eleitoral e assistirá a apuração na cidade.

A relação do ex-presidente com Caiado está estremecida desde 2020, quando o governador, que é médico, criticou a resposta do governo federal à pandemia da covid e adotou medidas de restrição de circulação que Bolsonaro condenava.

E isso apesar de o goiano ter apoiado Bolsonaro contra Lula no segundo turno de 2022 contra Lula e de ter sido um dos poucos governadores presentes ao ato bolsonarista na Avenida Paulista em fevereiro passado pela anistia dos golpistas do 8 de janeiro.

Mas não é só para Bolsonaro que a vitória em Goiânia é crucial. Perder a cidade seria um duro baque para Caiado tanto pelo empenho pessoal na eleição de Mabel quanto pela intenção de concorrer à sucessão de Lula, já que seria difícil convencer a direita brasileira a se reunir em torno de seu nome depois de perder em casa.

Por isso, Caiado não tem economizado munição contra Fred Rodrigues.

Em uma das postagens que fez de uma agendas com Mabel, ao mostrar uma caminhada em uma feira da capital sob chuva usando capas de proteção ao lado do aliado, ele alfinetou o adversário.

“Não somos frango de granja que dorme até 11h da manhã não, gente. [Às] 5h da manhã o Sandro tá trabalhando e o Caiado também. Então vamos votar em quem trabalha”, declarou Caiado.

Em outra publicação, ironizou a inexperiência de Rodrigues, ex-assessor parlamentar que foi deputado estadual por menos de um ano e acabou cassado pela Justiça Eleitoral em 2023 por irregularidades na prestação de contas de sua fracassada campanha para vereador em 2020.

“Não colocaria em risco minha trajetória e a confiança do povo de Goiás se não tivesse a certeza de que Mabel é a melhor escolha para a cidade de Goiânia. Goiânia já sofreu demais nas mãos de um gestor que caiu de paraquedas na prefeitura. Mabel é um gestor experiente e um político habilidoso [que] vai saber colocar ordem na casa e acelerar o desenvolvimento da cidade”.

O apelo não é gratuito. O governador do União Brasil tenta associar Rodrigues ao atual prefeito, Rogério Cruz (Solidariedade), que concorreu à reeleição e terminou em sexto lugar. Ele assumiu o cargo porque o titular, Maguito Vilela (MDB), morreu em janeiro de 2021 vítima da covid.

Já Bolsonaro buscou ligar Caiado e, indiretamente, Mabel ao PT durante um ato em Goiânia no último dia 11.

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