Domingo, 22 de dezembro de 2024
Por Redação Rádio Pampa | 11 de maio de 2022
A compra do famoso retrato de Marilyn Monroe, feito pelo norte-americano Andy Warhol (1928 – 1987), causou frisson no mundo cultural e colocou em evidência um discreto investidor de artes. Larry Gagosian desembolsou US$ 195 milhões pelo quadro, elevando-o ao status de obras mais cara já produzida no século 20.
Aos 77 anos, Gagosian é dono de um império de galerias de arte, com 19 espaços de exibição espalhados pelo mundo, de Nova York a Hong Kong. Ele é considerado um dos maiores negociadores de arte do mundo, com vendas anuais estimadas em US$ 1 bilhão.
Neto de imigrantes armênios, estudou literatura inglesa na Universidade da Califórnia, em Los Angeles (UCLA). Começou a carreira vendendo pôsteres em um estacionamento da cidade nos anos 1970, para mais tarde se tornar uma das figuras mais poderosas no mundo das artes.
Ele já representou Warhol e vendeu suas serigrafias ao colecionador de arte suíço Thomas Ammann em 1986. Tem em sua lista de obras de arte exemplares de Damien Hirst, Jeff Koons e Takashi Murakami, entre outros.
Discreto, costuma comprar quadros e esculturas em nome de investidores, como o CEO da Blackstone, Steve Schwarzman. Mas não revelou em nome de quem arrematou o retrato de Marylin, intitulado “Shot Sage Blue Marilyn”, na noite de segunda-feira.
Apesar de preferir o anonimato, Gagosian já protagonizou polêmicas disputas. Uma delas opôs o bilionário americano Leon Black e um membro da família real do Catar em torno da posse da escultura de Pablo Picasso “Busto de Mulher”.
Enquanto Gagosian argumentava que havia comprado a escultura para Black por US$ 106 milhões, um agente do xeque Sheikh Jassim bin Abdul Aziz Al-Thani e da Autoridade dos Museus do Catar diziam que haviam fechado negócio antes, por US$ 47,4 milhões. As partes chegaram a um acordo em 2017, e Black ficou com a escultura.
A obra
A obra é uma das cinco presentes em The Shot Marilyns’ e trata-se de uma tela de acrílico e seda, de cerca de 2,5 metros quadrados sobre linho. A serigrafia é considerada uma das imagens mais significativas de Monroe feita por Warhol, chamada por muitos de pedra angular da Pop Art. As cinco Marilyns coloridas têm fundos de cores diferentes: vermelho, laranja, azul claro, azul sálvia e turquesa (esta foi a vendida).
Após pintá-los em 1964, Warhol manteve os quadros em seu estúdio, o The Factory. Uma amiga de um fotógrafo da Factory, a performer Dorothy Podber, viu as pinturas empilhadas umas contra as outras no estúdio e perguntou a Warhol se poderia atirar nelas.
Aqui entra uma confusão. O verbo atirar, em inglês, to shoot, também significa fotografar. Warhol achou que, na verdade, ela gostaria de fotografar as imagens. Contudo, a mulher tirou um revólver da bolsa e atirou na pilha com quatro dos cinco quadros. Só a imagem vendida nesta segunda não estava junto delas. Por isso, este quadro é o único da série que não foi perfurado por bala. Depois do incidente, as obras foram restauradas.
O artista e a atriz nunca se conheceram pessoalmente. No entanto, ela foi pintada diversas vezes por ele, logo após a morte de Monroe por overdose, em 1962.