Sábado, 01 de fevereiro de 2025

Bill Gates fala sobre estar no espectro autista: “Chave para minhas habilidades”

Lá pela quinta série, Bill Gates, um menino franzino de nem 30 quilos, foi levado ao consultório de uma fonoaudióloga para dar um jeito em sua voz estridente. Seus pais ouviram da especialista que ele era “retardado”, como jamais se diria hoje, e que deveria repetir de ano. O insólito episódio é narrado em detalhes pelo próprio Gates, hoje bilionário, filantropo e chegando aos 70 anos de idade, em seu novo livro, “Código-fonte: como tudo começou”, que será lançado globalmente terça-feira (4).

Na publicação, o magnata fala pela primeira vez da possibilidade de estar no que se considera espectro autista, um assunto impensável à época de seus anos escolares. Também relata dificuldades domésticas com os pais e os anos iniciais da Microsoft, empresa que ergueu ao lado do amigo Paul Allen (1953-2018), às custas de todo seu tempo disponível, hábitos de saúde e higiene, além da graduação na reputada Harvard, que largou.

Em entrevista ao jornal O Globo, ele diz que já era adulto quando uma pessoa mencionou a possibilidade. “Fui refletindo que minhas habilidades sociais se desenvolveram muito lentamente, sempre fui meio desajeitado. A intensidade que eu tinha dentro de mim, como estudante, fazia com que as coisas fossem mais difíceis. Alguns professores falavam que eu era tão brilhante que deveria ser promovido de série. Outros, porém, falavam que eu era imaturo demais e, por isso, deveria repetir de ano. Tudo era muito contraditório. Nunca tive diagnóstico, ou tomei medicamentos, talvez dissessem que eu tinha TDAH ou estivesse no espectro autista.”

Ele afirmou ainda que até hoje percebe que titubeia um pouco quando precisa refletir sobre certos assuntos. “Isso é o que chamam de “stimming” [comportamento do autismo que ajuda a pessoa no espectro a lidar com as emoções]. Acho que saber disso me ajuda a entender minhas características pessoais. Felizmente hoje em dia as pessoas veem isso, por vezes, como uma benção, desde que seja possível moldar do jeito certo. No meu caso acho que foi uma chave para minhas habilidades, para eu ser louco por softwares.”

Ao ser questionado se teria o mesmo ímpeto de criação se tivesse um celular em mãos na infância, , Gates relatou que hoje celebra essa diferença, pois lhe foi muito útil ter a habilidade de ficar fascinado e tentar aprender tudo de um tema, ver como aquilo se encaixa com outras coisas. “Agora, até eu tenho que exercitar alguma disciplina quando estou sentado on-line e posso ir para diversas direções. Tem dias em que leio um monte de coisas que provavelmente são uma perda de tempo. Para uma criança, isso é muito mais difícil. Entre meus filhos (Jennifer, Rory e Phoebe), apenas a mais nova teve dificuldade com as redes sociais, achou um pouco difícil de lidar”.

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