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Por Redação Rádio Pampa | 21 de junho de 2022
Compositor, dramaturgo, escritor, músico e ator. Quando falamos da biografia de Chico Buarque, tratamos de um artista de múltiplos talentos. Isso sem falar do seu papel de protagonismo para a história tanto da Música Popular Brasileira quanto do país. Isso porque, ao lado de tantos outros grandes nomes, ele lutou bravamente contra a ditadura militar. Para fugir da censura, cantou com metáforas, usou pseudônimos, se autoexilou, entre outros feitos.
Conheça quem é Chico Buarque
Existem várias formas de contar a biografia de Chico Buarque. Para dar vida a essa história, optamos por separar em acontecimentos que são tidos como marcantes para a trajetória dele. Nesse sentido, buscamos trazer, também, uma música (ou mais) que representasse cada um desses momentos. Confira a seguir:
Chico compôs a sua primeira música aos 15 anos
Nascido no Rio de Janeiro, em 1944, Chico Buarque de Hollanda é um dos maiores nomes da música nacional. Filho de um sociólogo e uma pianista, Chico sempre teve a música em sua vida. Aos 15 anos, veio a sua primeira composição, a belíssima Canção dos Olhos.
Naquela época, João Gilberto era uma de suas principais influências, juntamente com Noel Rosa e Ataulfo Alves. Além disso, o samba e as marchinhas de Carnaval também contribuíram para a construção da sua identidade. Quando tudo isso aconteceu, o pequeno Chico morava na Itália com os seus pais.
Alguns anos depois, em 1963, de volta ao Brasil, ele lançou Tem Mais Samba, seu primeiro lançamento oficial. Embora Marcha Para Um Dia de Sol, gravada por Maricene Costa, tenha vindo antes, é a outra música que o próprio Chico reconhece como a primeira.
Vale lembrar que, enquanto músico, ele sempre deixou claro que gosta de se identificar como um compositor que canta. Isto é, antes de ser cantor, são as suas letras que representam a sua identidade.
Continuando a nossa história, em 1965 nasce o seu primeiro disco. As clássicas Pedro Pedreiro e Sonho de um Carnaval fazem parte desse histórico compacto homônimo.
Chico perdeu um festival para Elis Regina
Chico Buarque se tornou conhecido após participar de um festival de música popular. Foi com a já citada Tem Mais Samba que ele fez a sua primeira apresentação. Para alguns historiadores, o Balanço do Orfeu, que era o nome do evento, é tido como o ponto de partida da sua carreira.
Mesmo que tenha perdido a competição para a igualmente histórica Elis Regina (que cantou Arrastão), é inegável a importância do acontecimento para a sua trajetória. Tanto que, um ano depois, ele se inscreveu novamente e, dessa vez, saiu vitorioso, com a música A Banda.
1965 foi um ano importante para Chico. Além de ter participado dos festivais, ele ainda lançou o seu primeiro álbum e se casou com a atriz Marieta Severo.
Chico Buarque foi ator, dramaturgo e compositor
O ano era 1967. Foi quando Chico Buarque estreou na carreira como ator e dramaturgo, mostrando mais de seus talentos. Primeiramente, como ator no filme Garota de Ipanema e, depois, na peça Roda Viva, escrita por ele próprio.
Foi nessa época também que, ao lado de Tom Jobim, com Sabiá, ele venceu o 3º Festival Internacional da Canção. O interessante é que, mesmo tendo ganhado, eles foram vaiados pela plateia, que queria que Geraldo Vandré ganhasse com o sucesso Para Não Dizer Que Não Falei De Flores.
Chico lutou contra a ditadura
Chico Buarque foi um dos artistas que lutaram por um país mais justo e democrático durante a ditadura militar. Ao lado de Maria Bethânia, Caetano Veloso, Geraldo Vandré e vários outros nomes, batalhou pela liberdade de expressão. Mesmo com o risco de vida, não se calaram e buscaram formas de continuar falando o que precisava ser dito.
Ainda que Chico se identificasse como compositor e enxergasse suas músicas como arte, seu trabalho sempre foi político. Isto é, a denúncia social e a exposição dos problemas da sociedade sempre fizeram parte do seu trabalho. Nem mesmo a censura intensa foi capaz de mudar isso.
Como resultado, foi perseguido, inclusive tendo sido levado para o Departamento de Ordem Política e Social (DOPS). Para quem não sabe, foi um dos principais órgãos de repressão do período, utilizado para tortura.
Paralelamente, Chico precisou usar de pseudônimos para escapar da censura. Como Julinho de Adelaide, três músicas foram lançadas, inclusive Jorge Maravilha. Já como Chico Buarque, a título de curiosidade, mais de cinco faixas foram vetadas. Uma delas foi a canção Apesar de Você, que quase enganou o regime.
Chico cantou com metáforas para não ser censurado
Quando falamos da biografia de Chico Buarque, sem sombra de dúvidas, as metáforas em forma de música são um dos seus destaques. Isso porque, além de muito inteligente, o que ele fez junto a outros artistas inspirou milhares de brasileiros.
Uma das principais canções escritas dessa forma é Cálice. Um clássico da época da ditadura, a música foi escrita em 1973, mas lançada somente cinco anos mais tarde. Com o uso da figura de linguagem, ela falava sobre as violências sofridas durante o período e a repressão.
Um pouco antes, surgiu Construção, que contava sobre um trabalhador de construção civil que morreu em um acidente. Tido como desaparecido, assim como várias pessoas da época, o cantor mostrou como tudo era encarado com naturalidade. E, claro, não deveria ser.
Da mesma forma, foi também nessa época que Chico se autoexilou na Itália, sua segunda casa, após ser ameaçado pelos militares.