Sexta-feira, 10 de janeiro de 2025

Bolo envenenado foi feito para família após amigas de sogra desmarcarem encontro, diz polícia

Em um desdobramento chocante do caso do bolo envenenado em Torres, no Litoral Norte gaúcho, a Polícia Civil revelou que o alvo principal da suspeita, Deise Moura dos Anjos, era sua própria sogra, Zeli dos Anjos. O motivo seria uma mágoa antiga relacionada a um valor de R$ 600 que, apesar de ter sido quitado em poucos dias, gerou ressentimento em Deise.

A investigação, nomeada “Operação Acqua Toffana” em referência a um veneno à base de arsênio usado no século XX, descobriu que o arsênio utilizado no bolo que matou quatro pessoas e deixou outras duas internadas seria originalmente usado em um bolo para um encontro de amigas de Zeli. O encontro foi cancelado, e a farinha contaminada acabou sendo utilizada no bolo da família.

A polícia acredita que Zeli era o principal alvo de Deise porque a sogra foi a única figura presente em todos os casos em que a suspeita levou veneno para consumo da família.

Deise está presa preventivamente desde o dia 5 de janeiro por triplo homicídio duplamente qualificado e tripla tentativa de homicídio. A investigação aponta que Deise pesquisou, comprou e utilizou o veneno para cometer os crimes. As compras foram feitas pela internet e entregues pelos Correios.

Premeditado

O delegado responsável pelo caso, Marcos Veloso, afirmou que a polícia possui provas suficientes para incriminar Deise pelas quatro mortes, incluindo a do sogro, que foi confirmada após a exumação do corpo. A perícia constatou que a concentração de arsênio no estômago do sogro era a segunda maior entre as vítimas, evidenciando um envenenamento proposital.

A polícia acredita que Deise tentou encobrir seus rastros, apagando pesquisas e manipulando a família para desviar a atenção da investigação. As provas foram constatadas no celular da suspeita, após trabalho técnico da PC-RS.

Após a morte do sogro, por exemplo, ela teria tentado convencer a família de que a causa da intoxicação seria uma banana levada pelo filho (marido dela), buscando evitar a perícia do corpo.

Substâncias tóxicas

O caso reacendeu o debate sobre o controle de substâncias tóxicas como o arsênio. O secretário de segurança do Rio Grande do Sul, Sandro Caron, afirmou que a polícia solicitará ao governo federal medidas mais rigorosas para o acesso a esses produtos.

Durante a coletiva, Caron afirmou que o episódio envolvendo um bolo envenenado com arsênio, deve mudar o paradigma das investigações do órgão, a partir de mortes por intoxicação.

A investigação segue em andamento, com a polícia buscando determinar se Deise tentou envenenar outras pessoas além das já confirmadas.

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