Domingo, 02 de fevereiro de 2025

Bolsonaristas e lulistas se unem e elegem Hugo Motta presidente da Câmara dos Deputados

O deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), de 35 anos, foi eleito presidente da Câmara dos Deputados nesse sábado (1) com o voto de 444 dos 513 membros da Casa. A alta adesão se deu graças a um acordo de apoio a Motta que contou com 18 partidos, do PT ao PL. O paraibano sucede a Arthur Lira (PP-AL), que deixa a função depois de quatro anos.

Motta derrotou dois adversários: os deputados Marcel Van Hattem (Novo-RS), com 31 votos, e Henrique Vieira (PSOL-RJ), com 22. Houve dois votos em branco. No total, foram 499 votantes. As escolhas se dão de forma secreta.

A votação foi expressiva, mas não chegou a superar o número de apoios que reconduziu Arthur Lira à presidência. Em 2023, o político alagoano recebeu 464 votos, um recorde na história da Casa. Antes, Ibsen Pinheiro (MDB), em 1991, e João Paulo Cunha (PT), em 2003 foram eleitos com voto de 434 deputados e deputadas.

Em discurso antes da votação, Motta disse aos demais deputados que quer dar mais previsibilidade à agenda da Casa e que pretende promover um maior alinhamento com o Senado. O foco de seu discurso foi dizer aos colegas e eleitores que não se colocará contra a vontade da maioria da Câmara caso seja eleito para a presidência. Também disse querer uma “Câmara forte”.

“A garantia das prerrogativas parlamentares é essencial para o fortalecimento do povo, pois cada um de nós está diretamente relacionado aos anseios daqueles que nos deram o voto”, disse, em seu último discurso antes da votação.

O deputado paraibano disse que nunca haverá unanimidade na Casa, mas que suas decisões não serão pessoais. “Ninguém navega o mar, mas no máximo o navio. E o navio nunca pode navegar contra as ondas do mar”, disse. “Quero ser um elo forte na corrente. Um elo forte, mas a consciência de ser apenas um elo.”

Nascido em João Pessoa (PB), o novo presidente da Câmara é médico e vem de uma família de políticos tradicionais do sertão paraibano. Ele iniciou sua trajetória na Câmara aos 21 anos, pelo PMDB. Agora está no Republicanos, legenda presidida pelo deputado Marcos Pereira (SP), bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus, e também a legenda do governador do Estado de São Paulo, Tarcísio de Freitas.

Em sua trajetória na Câmara, Motta ocupou postos de destaque. Foi presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigou a Petrobras, em 2015. Também foi o relator do projeto conhecido como “Orçamento de Guerra” – mecanismo criado para suportar os gastos relacionados à pandemia de covid-19 – em 2020 e da PEC que autorizou o governo de Jair Bolsonaro a limitar os pagamentos de precatórios, em 2021.

Sua ascensão nos primeiros anos de Câmara se deu em parte à proximidade com Eduardo Cunha, que presidiu a Casa de 2015 a 2016. Cunha foi cassado e chegou a ser preso pouco tempo depois.

Manobra de Lira

A candidatura de Hugo Motta à presidência da Câmara foi lançada por Lira em outubro do ano passado. O anúncio contrariou expectativas de que o candidato da continuidade seria o líder do União Brasil, Elmar Nascimento (BA). Com a movimentação dos partidos em torno de Motta, Elmar desistiu da candidatura, assim como o líder do PSD, Antonio Brito (BA).

Para deputados e consultores, Motta entra no cargo sob a condição de cumprir acordos já definidos por Lira, sobretudo em relação ao orçamento deste ano, que ainda depende de aprovação no Congresso Nacional.

Segundo essas avaliações, num primeiro momento, Motta terá menos poderes que Lira. Porém, à medida que avancem as negociações sobre o Orçamento do ano que vem, o deputado do Republicanos ganhará mais protagonismo. Deputados governistas dizem ver em Motta maior estabilidade na relação entre a Câmara e o Palácio do Planalto.

Pautas polêmicas

Dentre as pautas mais polêmicas que dependem da decisão de Motta está o projeto que concede anistia aos condenados pelos atos de 8 de janeiro de 2023, que está parado em uma comissão especial. Motta não disse ser favorável à proposta, já que o PT é contrário, mas já falou que vê “condenações acima do que seria justo”.

O agora presidente da Câmara também deve dar rumo à proposta do governo sobre a regulação das redes sociais e sobre as novas etapas de regulamentação da reforma tributária. (Estadão Conteúdo)

 

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