Sábado, 11 de janeiro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 10 de janeiro de 2025
Aliados de Jair Bolsonaro mudaram de percepção sobre o comportamento que o ex-presidente deve adotar em um eventual cenário de ter sua prisão decretada. Antes, a aposta predominante era de que ele tentaria uma fuga, mas hoje, no entanto, Bolsonaro tem sinalizado planos diferentes, caso seja condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no inquérito que apura a tentativa de golpe de Estado. Esse novo posicionamento reflete uma mudança no planejamento estratégico de seus aliados, que agora consideram outras alternativas diante de um possível cenário de condenação e prisão.
Bolsonaro passou a compartilhar com auxiliares próximos a avaliação de que seu peso como cabo eleitoral poderia aumentar substancialmente caso ele fosse preso. Embora, naturalmente, esse não seja seu desejo, o ex-presidente já começou a considerar o impacto político de tal situação.
O cálculo político agora em discussão é de que, estando atrás das grades, ele poderia galvanizar um apoio popular maior, possivelmente ampliando sua base de seguidores e sua relevância no cenário político de 2026. Esse raciocínio, embora não implique que Bolsonaro deseje ser preso, já começa a ser contemplado como uma possível vantagem estratégica no longo prazo.
Além disso, o ex-presidente iniciou discussões com um pequeno grupo de aliados sobre quais nomes poderiam formar uma chapa para representá-lo nas eleições presidenciais de 2026. Alguns expoentes da direita estão sendo avaliados para compor essa chapa, incluindo o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, o deputado federal Eduardo Bolsonaro, e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. Esses nomes estão sendo considerados como possíveis aliados para fortalecer sua candidatura, caso ele seja afastado da cena política direta por questões judiciais.
Dentro desse contexto, Bolsonaro também avalia a possibilidade de ser beneficiado por um indulto, que perdoaria sua pena e o tiraria da prisão, caso seja condenado. Ele acredita que essa medida poderia ser uma alternativa viável, especialmente porque conta com um aliado no Palácio do Planalto. Embora o ex-presidente já esteja considerando essa possibilidade a portas fechadas, ele mantém publicamente o discurso de que continuará sendo o candidato oficial da direita e de que não existe outro nome com sua força política para liderar o campo conservador.
O indulto, como previsto pela legislação brasileira, é uma prerrogativa do presidente da República, mas precisa ser validado pelo Judiciário. Esse benefício não é concedido automaticamente e, para que uma pessoa tenha direito ao indulto, sua defesa precisa apresentar uma petição à Justiça. Essa petição será então analisada pelas instâncias responsáveis, o que implica em um processo jurídico que envolve vários atores e etapas.
Criminalistas ouvidos pela coluna indicam que é praticamente certa a judicialização de um eventual indulto presidencial envolvendo Bolsonaro, o que significa que, caso o indulto seja concedido pelo presidente da República, ele será questionado nas instâncias superiores do Judiciário. Essa questão pode gerar uma longa disputa legal sobre a legalidade e a aplicação do indulto, caso o ex-presidente venha a ser condenado. As informações são da coluna de Bela Megale, no jornal O Globo.