Quinta-feira, 09 de janeiro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 8 de janeiro de 2025
No acumulado de 2024, o fluxo cambial do Brasil foi negativo em US$ 18,014 bilhões. Segundo dados preliminares divulgados nessa quarta-feira pelo Banco Central, esta é a maior saída líquida de dólares do País desde 2020, quando o fluxo foi negativo em US$ 27,923 bilhões.
A conta financeira inclui: compra e venda de dólares relativas a serviços, como de turismo, alugueis, transportes, além de rendas (remessas de filiais ao exterior), investimentos e aplicações financeiras no exterior (bolsas de valores, moedas ou mercado futuro, por exemplo).
Considerando a série histórica do BC, iniciada em setembro de 2008, a saída líquida de dólares de 2024 foi a terceira maior — atrás apenas de 2020 e de 2019, quando as retiradas de moeda americana do País superaram os aportes em US$ 44,768 bilhões.
O fluxo financeiro, que reúne investimentos estrangeiros diretos e em carteira, remessas de lucro, pagamento de juros e outras operações, foi negativo em US$ 87,214 bilhões no ano passado. É a maior saída líquida por esse canal na série histórica do BC. Até agora, o recorde havia sido atingido em 2019, com um fluxo negativo em US$ 65,792 bilhões.
Ao todo, as compras pelo canal financeiro no ano passado somaram US$ 592,171 bilhões. As vendas atingiram US$ 679,385 bilhões.
O saldo do comércio exterior foi positivo em US$ 69,200 bilhões, resultado de US$ 230,806 bilhões em importações e US$ 300,007 bilhões em exportações. Nas exportações, estão inclusos US$ 33,173 bilhões em adiantamento de contrato de câmbio (ACC), US$ 73,934 bilhões em pagamento antecipado (PA) e US$ 192,900 bilhões em outras entradas.
Na semana passada, o fluxo cambial do Brasil foi negativo em US$ 5,602 bilhões, segundo dados preliminares do Banco Central. O canal financeiro teve saída líquida de US$ 6,353 bilhões entre 30 de dezembro e 3 de janeiro, com compras de US$ 5,893 bilhões e vendas de US$ 12,247 bilhões. O segmento reúne os investimentos estrangeiros diretos e em carteira, remessas de lucro e pagamento de juros, entre outras operações.
O saldo do comércio exterior foi positivo em US$ 752 milhões, com US$ 2,484 bilhões em importações e US$ 3,236 bilhões em exportações. Nas exportações, estão incluídos US$ 152 milhões em adiantamento de contrato de câmbio (ACC), US$ 523 milhões em pagamento antecipado (PA) e US$ 2,561 bilhões em outras entradas.
Alta do dólar
Com a forte saída de recursos do país, principalmente em dezembro do ano passado, o dólar operou pressionado, atingindo cotações máximas, chegando a operar acima de R$ 6,20.
A escalada da moeda norte-americana em 2024 é resultado de uma série de fatores externos e internos, como conflitos internacionais, nível de juros nos Estados Unidos, eleição de Donald Trump e expectativas em torno das contas públicas brasileiras.
Especialmente no fim do último ano, os holofotes ficaram com o quadro fiscal do Brasil, em meio a receios do mercado financeiro sobre a efetividade do pacote de corte de gastos anunciado pelo governo no fim de novembro.
Por conta disso, o BC vender cerca de US$ 19 bilhões, em dezembro, no mercado à vista, o que contribuiu para baixar as reservas internacionais brasileiras no ano passado.