Segunda-feira, 23 de dezembro de 2024
Por Redação Rádio Pampa | 20 de junho de 2022
O curitibano Joel Kriger, de 68 anos, fez história no último dia 15 de maio ao se tornar o brasileiro mais velho a subir o Monte Everest. Kriger já havia tentado subir o pico anteriormente e ainda pretende atravessar sozinho o Canal da Mancha.
“Eu tentei o Everest em 2013, 2017 e 2018. Apesar de ter confiança e preparo, por diferentes motivos não deu certo. Em 2022, nove anos após a primeira tentativa, segui de novo para o Nepal. E para minha alegria, deu tudo certo. Levei 36 dias para chegar ao cume, um processo que exige adaptação ao ar rarefeito e que prepara o corpo para a falta de oxigênio.”
Kriger revela que essa rotina de atleta começou, mesmo, ao completar 50 anos, quando o amigo João Carlos Angelini o convidou para fazer um trekking no campo base do Everest. “Precisava sair do sedentarismo e melhorar minha capacidade aeróbica. Quando jovem pratiquei natação até os 19 anos, mas depois parei totalmente com qualquer atividade física. Lembro que falei com um técnico amigo e ele concordou que me daria um treinamento na piscina para eu conseguir fazer a caminhada. Treinei de janeiro a outubro, quando seria o trekking. Nosso guia foi o Vitor Negreti, um dos maiores alpinistas do Brasil que morreu em 2006, no Everest”, relembrou.
Depois da primeira experiência, ele pegou gosto e manteve os treinamentos. “Em 2008, combinamos com alguns amigos subir o Kilimanjaro, localizado na África. Em 2010, subi o Aconcágua e defini um projeto: subir as sete montanhas mais altas de cada continente, um dos desafios mais difíceis do alpinismo”, recordou.
Relembrando o feito recente, Kriger destaca a parte final da escalada. “A subida envolve uma sequência de quatro campos até o último dia, que é o ataque ao cume. Era noite de lua cheia, pouco vento e temperatura de 22 graus abaixo de zero, o que dá pra dizer que é agradável, em se tratando do Everest. Em 8 horas saímos do campo 4 e chegamos ao cume, vencendo os obstáculos”, relembrou.
Antes de fazer a subida do Everest, Kriger disse que a vontade foi surgindo naturalmente até se definir um projeto para conquistar o objetivo. “A inspiração foi aparecendo naturalmente. Uma vez que eu defini o projeto, tive que aprender a usar os equipamentos necessários para escalada, apesar de algumas das sete montanhas serem muito mais para ‘escalaminhadas’ do que alpinismo. Não é o caso do Everest: pela sua localização, altitude e clima, chegar lá em cima coroa qualquer atleta da montanha. Foi realmente uma sensação inigualável atingir o topo do mundo”, disse.
Dentro de casa, Kriger recebeu apoio de toda a família, que, apesar dos temores naturais, o incentivou. “A família me apoia e até sente orgulho. Claro, é natural, acompanham com um pouco de receio o desenrolar das minhas atividades. Mas através de um link seguiram passo a passo a subida ao cume do Everest e comemoraram à distância. Houve mais angústia na descida porque só consegui falar com eles três dias depois de chegar ao topo.”
Vida é desafio
Olhando em retrospectiva, Joel afirma que o desafio superado por ele pode ser encarado por qualquer pessoa. “A vida é um desafio, eu tive a chance de compatibilizar as minhas atividades com esses desafios. Eu digo que qualquer um pode subir o Everest. Só não é possível acordar e ir tentar subir o Everest. Como tudo na vida precisa de preparação, planejamento e dedicação.”