Domingo, 22 de dezembro de 2024
Por Redação Rádio Pampa | 14 de dezembro de 2022
No Brasil, o último mês do ano é marcado por intenso calor, maior exposição ao sol, além de ser intensificada a incidência de raios ultravioleta. A campanha dezembro laranja foi criada pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) com o intuito de conscientizar a população sobre a prevenção do câncer de pele – tumor de maior incidência no Brasil. Desde 2014, a Sociedade Brasileira de Dermatologia realiza a campanha, para que os casos sejam diagnosticados e tratados precocemente.
Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), com mais de 175 mil novos casos por ano, o câncer de pele é o mais comum no Brasil. Oncologistas e dermatologistas explicam que a exposição solar excessiva, sem proteção, pode provocar alterações celulares, levando ao desenvolvimento da doença. Estão mais propensas a desenvolver a doença pessoas de pele clara, que tenham muitas pintas e manchas, pessoas idosas, pessoas que tenham histórico da doença na família e também aquelas que ao longo da vida se expuseram muito à luz solar.
A relação direta entre a exposição ao sol e esse tipo de câncer é alertada pela médica Oncologista Clínica no Hospital Sírio-Libanês Luiza Dib. “É um dos cânceres mais comuns na população adulta e, felizmente, é um tumor cujo índice de sucesso com os tratamentos que temos hoje é grande”, explica.
Tipos de câncer
O câncer de pele é dividido em dois tipos: o Carcinoma basocelular (CBC), o carcinoma espinocelular (CEC) (não melanomas) e o melanoma. O carcinoma basocelular é aquele que surge nas células basais, que ficam na camada mais profunda da epiderme (a camada superior da pele). Esse tipo de câncer tem baixa letalidade e pode ser curado em caso de detecção precoce. Costuma ser identificado em regiões mais expostas ao sol, como face, orelhas, pescoço, couro cabeludo, ombros e costas. Mas, raramente, pode também se desenvolver nas áreas não expostas.
Já o carcinoma espinocelular (CEC) é o segundo mais prevalente dentre todos os tipos de câncer, e é detectado nas células escamosas, que constituem a maior parte das camadas superiores da pele. Pode se desenvolver em todas as partes do corpo, embora seja mais comum nas áreas expostas ao sol, como orelhas, rosto, couro cabeludo e pescoço. Assim como outros tipos de câncer da pele, a exposição excessiva ao sol é a principal causa do carcinoma espinocelular, mas não a única.
Alguns casos da doença estão associados a feridas crônicas e cicatrizes na pele, antirrejeição de órgãos transplantados e exposição a certos agentes químicos ou à radiação. Normalmente, os CECs têm coloração avermelhada e se apresentam na forma de machucados ou feridas espessos e descamativos, que não cicatrizam e sangram ocasionalmente. Eles podem ter aparência similar à das verrugas. Somente um médico especializado pode fazer o diagnóstico correto.
Melanoma
Dib explica que o melanoma é o tipo de câncer de pele menos frequente, entretanto, é o mais agressivo e com maior índice de mortalidade. Embora o diagnóstico de melanoma normalmente traga medo e apreensão aos pacientes, as chances de cura são altas quando há detecção precoce da doença. “O câncer de pele melanoma é mais agressivo e o diagnóstico requer mais cuidado e frequentemente precisa de complementação no tratamento com imunoterapia. É essencial fazer o diagnóstico o mais cedo possível.”
O melanoma, em geral, tem a aparência de uma pinta ou de um sinal na pele, em tons acastanhados ou enegrecidos. Porém, a “pinta” ou o “sinal”, em geral, mudam de cor, de formato ou de tamanho, e podem causar sangramento. Por isso os médicos aconselham a importância de observar a própria pele constantemente.
O médico dermatologista do hospital Sírio Libanes e membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) Joaquim Xavier explica que o melanoma tem origem nos melanócitos, as células que produzem melanina, o pigmento que dá cor à pele.
“Em estágios iniciais, o melanoma se desenvolve apenas na camada mais superficial da pele, o que facilita a remoção cirúrgica e a cura do tumor. Essas lesões podem surgir em áreas difíceis de serem visualizadas pelo paciente, embora sejam mais comuns nas pernas, em mulheres; nos troncos, nos homens; e pescoço e rosto em ambos os sexos”, detalha o médico.
A prioridade dos profissionais da área é a descoberta precoce da doença. “A gente foca em descobrir se é mesmo um câncer melanoma porque estamos tentando salvar uma vida. O melanoma é o mais agressivo e vem a partir de pintas que são diferentes. Às vezes a pessoa já tinha a pinta e começa a observar diferenças. Se o diâmetro mudou e a evolução também, a pessoa tem que procurar um médico para avaliar”, elucida.
Considerado o tipo mais agressivo de câncer de pele, o melanoma, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), representa 4% dos tumores malignos, com 6.230 casos e 1.507 mortes por ano. Xavier explica que nos estágios mais avançados a lesão é mais profunda e espessa, o que aumenta a chance de se espalhar para outros órgãos (metástase) e diminui as possibilidades de cura.
Método do ABCDE
Conforme a Organização Melanoma Brasil, a regra do ABCDE é um método que auxilia na identificação de lesões suspeitas de melanoma. Ela é pautada na avaliação do estado físico das pintas.
“O método ABCDE ajuda muito em um alerta. Se a pessoa tem alguma das características do método ela precisa procurar um médico. O A vem de assimetria, é importante olhar se a pinta tem algum formato irregular, o B se as bordas são retas ou irregulares, C trata-se da cor, quando a lesão tem mais de uma cor. Já o D é em relação ao diâmetro: pintas com um diâmetro maior de 6 milímetros também devem ser uma alerta, e o E significa a evolução, se a pinta era de um jeito e cresceu, mudou o formato, sangrou”, explica Dib.