Sexta-feira, 27 de dezembro de 2024
Por Redação Rádio Pampa | 10 de agosto de 2024
A campeã olímpica no boxe feminino, a argelina Imane Khelif, contratou um escritório de advocacia de Paris para representar judicialmente contra as pessoas que a caluniaram, difamaram e assediaram na internet nos últimos dias.
Khelif, que conquistou a medalha de ouro na categoria até 66kg nesta sexta-feira (9), foi envolvida em uma polêmica sobre questão de gênero após derrotar a italiana Angela Carini. Na ocasião, Carini abandonou a luta aos 46 segundos e a atitude levantou uma discussão sobre questões de gênero envolvendo a atleta argelina.
A polêmica ganhou as redes sociais e virou até bate-boca público entre autoridades.
Mesmo sendo centro da discussão e sofrendo ataques nas redes, Khelif avançou na competição olímpica e se tornou campeã.
“Após o tempo esportivo, vem o tempo judicial.
Recém-medalhista de ouro nos Jogos Olímpicos de Paris 2024, a boxeadora Iman Khelif decidiu travar uma nova batalha: a da justiça, da dignidade e da honra.
A Sra. Khelif recorreu ao escritório, que apresentou ontem uma queixa por atos de cyber assédio agravado junto ao polo de combate ao ódio online da Promotoria de Paris.
A investigação penal determinará quem iniciou essa campanha misógina, racista e sexista, mas também deverá se interessar por aqueles que alimentaram esse linchamento digital.
O assédio injusto sofrido pela campeã de boxe permanecerá como a maior mancha desses Jogos Olímpicos.
Paris, 10 de agosto de 2024
Nabil Boudi
Advogado na Ordem dos Advogados de Paris”
Communiqué de presse : Imane Khelif pic.twitter.com/LEdZTcIdU1
— Nabil Boudi (@BoudiNabil) August 10, 2024
Imane Khelif, de 25 anos, é alvo de uma das maiores polêmicas da Olimpíada de Paris. A atleta argelina sofreu diversos ataques preconceituosos ao longo da competição por conta de um desentendimento entre o Comitê Olímpico Internacional (COI) e a Associação Internacional de Boxe (IBA).
O nome de Khelif ganhou notoriedade após a vitória sobre a italiana Angela Carini. A boxeadora da Itália abandonou a luta aos 46 segundos após receber um golpe no nariz. Carini se recusou a cumprimentar a adversária, mas negou que a motivação tivesse sido um eventual boicote à argelina.
Quando a italiana se retirou do ringue, a ação foi considerada por muitos como uma reação à participação da adversária. Isso porque Khelif, da categoria até 66kg, e a taiwanesa Lin Yu-ting, da categoria até 57kg, foram autorizadas a participar dos Jogos Olímpicos mesmo após serem reprovadas nos testes de gênero.
A decisão do COI desagradou atletas e fãs da modalidade. O porta-voz da entidade, Mark Adams, afirmou em entrevista coletiva no dia 2 de agosto que Imane Khelif “nasceu mulher, foi registrada como mulher, vive sua vida como mulher, luta boxe como mulher, tem passaporte de mulher”.
Ainda na coletiva, a boxeadora italiana Angela Carini se desculpou pela forma como tratou a argelina após a luta.