Domingo, 22 de dezembro de 2024
Por Redação Rádio Pampa | 16 de dezembro de 2024
O câncer de próstata é o segundo mais comum entre os homens no Brasil, atrás do câncer de pele não melanoma. Entre os fatores de risco para o desenvolvimento do tumor estão o tabagismo, a idade, o sobrepeso e a obesidade, além de exposições a certos produtos químicos, de acordo com o Ministério da Saúde. No entanto, o câncer também pode ser hereditário.
Segundo a pasta, ter um pai ou irmão com câncer de próstata antes dos 60 anos pode aumentar o risco de uma pessoa ter a doença. Isso pode refletir tanto fatores hereditários (genéticos), quanto hábitos relacionados ao estilo de vida de risco de algumas famílias.
“A incidência de câncer de próstata é significativamente maior em homens com histórico familiar da doença”, afirma Charles Kelson Aquino, urologista da Hapvida NotreDame Intermédica, à CNN.
“Estudos indicam que homens que têm um pai ou irmão com câncer de próstata apresentam de 2 a 3 vezes mais chances de desenvolver a doença ao longo da vida. O risco aumenta ainda mais se houver múltiplos familiares afetados ou se o câncer for diagnosticado em idades mais jovens”, acrescenta.
Além disso, no caso de câncer de próstata relacionado a fatores genéticos, o risco pode variar de acordo com o tipo de gene que está alterado, conforme explica Denis Jardim, líder nacional da especialidade de tumores urológicos da Oncoclínicas.
“Vamos pensar, então, no gene mais frequentemente alterado, que é o BRCA2. Esse gene confere um aumento de 4 a 8 vezes no risco de câncer de próstata em relação a uma população normal sem alteração genética. Isso daria ao longo da vida do paciente um risco absoluto de câncer de próstata de 60%. Ou seja, a cada 10 homens com essa alteração, 6 desenvolveriam câncer de próstata ao longo da vida”, afirma Jardim.
“Se olharmos outro gene que também frequentemente está associado, que é o BRCA1, estamos falando de um risco 3,8 vezes maior, o que daria um risco ao longo da vida, variando entre 15 e 45%”, acrescenta.
Doenças hereditárias também podem aumentar o risco, como a Síndrome de Lynch, causada por mutações nos genes responsáveis pela reparação de DNA. Segundo artigos publicados no Urology Times e Facing Hereditary Cancer, homens com mutações associadas à Síndrome de Lynch, particularmente nos genes MLH1, MSH2 e MSH6, apresentam um risco aumentado de desenvolver câncer de próstata em comparação com a população geral.
“Compreender a relação entre a Síndrome de Lynch e o câncer de próstata é fundamental é um ponto importante não só para a identificação precoce de mutações, mas também para intervenções que podem salvar vidas. Homens com histórico familiar dessa síndrome devem ser incentivados a realizar acompanhamentos regulares, uma vez que a detecção antecipada do câncer de próstata pode levar a melhores desfechos clínicos”, reforça Jardim.
Quando o rastreamento para o câncer de próstata deve ser iniciado?
Homens com histórico familiar de câncer de próstata devem iniciar o rastreamento mais cedo que a população geral, geralmente aos 45 anos, especialmente se tiverem pai ou irmão afetado pela doença, segundo Aquino.
“Se houver múltiplos familiares com a doença ou se os diagnósticos forem precoces, o rastreamento pode ser indicado ainda mais cedo”, afirma o urologista. Nesse sentido, os exames de rastreio podem começar a ser feitos regularmente 10 anos antes do caso mais jovem de câncer de próstata na família.
Como prevenir o câncer de próstata quando há casos na família?
Para o paciente de maior risco para o câncer de próstata, algumas medidas são importantes para a prevenção e incluem a adoção de hábitos de vida saudáveis. Essas são chamadas “medidas de prevenção primária”
“Não existe uma medida isolada de prevenção do câncer de próstata, mas hoje sabemos que é importante abandonar o tabagismo ou incentivar a não iniciar o tabagismo, ter uma dieta com aumento de ingesta de vegetais e reduzir a ingesta de gordura animal, manter o peso adequado, ou seja, evitando a obesidade ou tratando e reduzindo a obesidade, além da ênfase na atividade física como medida de prevenção”, afirma Jardim.
Também para quem tem maior risco de desenvolver o tumor devido à hereditariedade, os fatores de prevenção secundária são importantes e incluem medidas de diagnóstico precoce.
“Então, além do rastreamento por PSA, hoje para alguns casos de maior risco tem sido recomendado a ressonância nuclear magnética da próstata, como medida de diagnóstico precoce e, a depender do gene alterado, também não esquecer dos riscos de outros tumores que podem acontecer, dentre eles o câncer de pâncreas e o câncer de mama no homem”, explica Jardim. “Por isso, eventualmente, é necessário realizar exames específicos para esses outros tumores que podem estar também associados a uma maior incidência”, acrescenta.