Sábado, 21 de setembro de 2024

Câncer: presença de fungos e bactérias pode ajudar no diagnóstico

Procure por uma imagem de tumor no Google e provavelmente encontrará um aglomerado de células cancerígenas de cores vivas em um fundo monótono de tecido saudável. Mas para Lian Narunsky Haziza, bióloga de câncer do Weizmann Institute of Science, em Israel, as fotos parecem muito diferente da realidade. Um tumor pode conter milhões de micróbios, o que representa dezenas de espécies.

Os cientistas sabem, há muito tempo, que nossos corpos abrigam micróbios, mas tendem a tratar os tumores como se fossem estéreis. No entanto, nos últimos anos pesquisadores deixaram essa noção de lado ao comprovar que os tumores estão repletos desses organismos.

Em 2020, várias equipes de pesquisa mostraram que os tumores abrigam misturas de bactérias. Na quinta-feira, dois estudos publicados na revista Cell descobriram que eles também alojam espécies de fungos.

O chamado microbioma tumoral está se mostrando tão distinto em cada tipo de câncer, que alguns cientistas esperam encontrar sinais precoces de tumores ocultos através do DNA de micróbios no sangue. Algumas pesquisas sugerem que os micróbios podem tornar tumores mais agressivos ou resistentes aos tratamentos. Se isso se confirmar, pode ser possível combater o câncer atacando o microbioma de um tumor junto com ele próprio.

“Precisamos reavaliar quase tudo o que sabemos sobre câncer através das lentes do microbioma tumoral”, afirmou Ravid Straussman, biólogo de câncer da Weizmann que colaborou com Narunsky Haziza em um dos novos estudos.

Nas últimas duas décadas, os cientistas mapearam micróbios no corpo humano pescando seu DNA em esfregaços de boca, raspados de pele e fezes. Essas pesquisas identificaram milhares de espécies vivendo em uma pessoa saudável, totalizando cerca de 38 trilhões de células. Muitos órgãos antes considerados estéreis acabaram tendo seus próprios microbiomas.

Enquanto os pesquisadores exploraram o microbioma saudável, o câncer permaneceu uma incógnita. Ninguém sabia se os milhões de células que os compõem forneciam outro habitat onde os micróbios poderiam viver.

Em 2017, Straussman e outros estudiosos encontraram bactérias que vivem dentro de tumores pancreáticos. Eles fizeram a descoberta enquanto tentavam encontrar o porquê de alguns tumores resistirem a medicamentos quimioterápicos. Descobriu-se que uma espécie de bactéria que poderia bloquear a droga estava vivendo dentro deles.

Na mesma época, uma equipe de pesquisadores da Universidade da Califórnia, em San Diego, realizou uma própria pesquisa usando um banco de dados de DNA coletado de diferentes tipos de câncer, no início dos anos 2000.

O projeto, chamado Atlas do Genoma do Câncer, pretendia ajudar cientistas a encontrar mutações em genes tumorais que fazem as células cancerígenas crescerem descontroladamente. A equipe reconheceu que os dados brutos também podem conter DNA de bactérias nos tumores.

Infelizmente, isso significava peneirar os seis trilhões de fragmentos genéticos no atlas em busca de fragmentos de DNA bacteriano.

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