Domingo, 12 de janeiro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 11 de janeiro de 2025
Após o ministro da Casa Civil, Rui Costa, falar em mudanças na Esplanada em até dez dias, integrantes do governo e do Congresso indicam a necessidade de haver mais negociações para que a reforma ministerial possa resultar em dividendos políticos ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A expectativa de reformulação se dá num ambiente de pressão, com a cobiça do Centrão por mais espaço, em especial, o comando da Secretaria de Relações Institucionais (SRI). Aliados do petista, por sua vez, apostam em trocas comedidas e centralizadas nos postos palacianos no curto prazo, diante da demora do petista em abrir conversas com os partidos da base.
O cargo atualmente é ocupado pelo petista Alexandre Padilha, que lidera as negociações para a liberação de emendas parlamentares, um dos pontos de maior tensão entre o Executivo e o Legislativo desde o início do governo. Entre os interessados nas trocas, nomes como Silvio Costa Filho, atual ministro de Portos e Aeroportos pelo Republicanos, e Isnaldo Bulhões (MDB-AL), líder do MDB na Câmara, são apontados como possíveis substitutos de Padilha para o comando da SRI.
O objetivo do Centrão é ampliar a influência e se aproximar da gestão das emendas. Há um entendimento que ter um maior comando dessa verba teria mais valia do que a chefia de ministérios com pouco orçamento e com políticas de pouca relevância para a base eleitoral de congressistas.
Essa possibilidade, no entanto, ainda encontra pouca ressonância no núcleo duro do governo. Nos ministérios palacianos, os petistas são maioria. Além de Padilha, há Rui Costa (Casa Civil), Márcio Macêdo (Secretaria-Geral) e, agora, Sidônio Palmeira (Secretaria de Comunicação Social) — o único não filiado ao PT.
Para o Centrão, o ministro Silvio Costa Filho tem como vantagem para ocupar a SRI ser do mesmo partido do favorito a substituir Arthur Lira (PP-AL) na presidência da Câmara, o deputado Hugo Motta (Republicanos-PB). Para os defensores dessa ideia, alçá-lo à pasta abriria um caminho direto entre o Planalto e a Câmara dos Deputados, dando mais governabilidade a Lula, algo que o presidente ainda não conseguiu conquistar em seu terceiro mandato.
Já Isnaldo é um parlamentar com trânsito entre todos os espectros políticos e que teve de mediar conflitos entre Executivo e Legislativo, quando relatou a medida provisória da reestruturação da Esplanada dos Ministérios no início do governo. Ele é um dos líderes na Câmara mais próximos do governo e também é aliado de Hugo Motta. Levar o emedebista para o primeiro escalão seria colocar mais um deputado entre os ministros, o que resolveria uma reclamação antiga da Câmara de que o Senado foi favorecido nas escolhas de Lula até agora.
PSD
A bancada do PSD na Câmara, por sua vez, espera ter sua vez na reforma. Deputados alegam haver um acordo com o governo feito na votação das urgências do pacote econômico no final do ano passado, no qual ficou acertado que a sigla seria contemplada na reforma ministerial. O grupo não se sente contemplado com o deputado André de Paula no Ministério da Pesca, uma pasta com pouca relevância.
Segundo integrantes da bancada, o combinado era que o PSD teria mais influência e poderia indicar um ministério com maior capacidade de apoiar suas bases políticas, como, por exemplo, com obras em redutos eleitorais. Embora o PSD tenha também Minas e Energia e Agricultura, a sigla entende que suas expectativas não foram atendidas.
Saúde e Defesa
Outras mudanças na Esplanada extrapolam a vontade do presidente, como a intenção de saída do ministro da Defesa, José Múcio, à revelia de Lula. Já outros integrantes da equipe podem ganhar sobrevida, como Nísia Trindade (Saúde).
Nísia, cujo desempenho vem sendo questionado, ainda tem chances de se segurar no cargo. Segundo integrantes do governo, Lula está descontente com a gestão da Saúde, mas deu indicações recentes de que, se Nísia estiver disposta a mexer na sua equipe e reestruturar a área técnica, há caminho para a permanência.
De qualquer forma, Lula sinalizou que, caso decida tirá-la, deve escalar para o posto outro nome técnico, e não um quadro da política.
A mudança com boas chances de ocorrer é onde Lula, na verdade, menos gostaria: o Ministério da Defesa. O atual titular, José Múcio, tem insistido em deixar a pasta. O aviso foi dado a Lula pelo ministro no início de dezembro, quando o petista não quis estender o assunto. Mas o tema foi retomado agora em janeiro e os dois iniciaram a discussão sobre possíveis nomes para a sucessão.