Quarta-feira, 03 de julho de 2024

Chuvas afetam colheita de grãos no Estado

O Rio Grande do Sul é um dos maiores produtores de grãos do país. Em duas culturas, o Estado é o líder nacional: responde por quase 45% da produção nacional de trigo e por cerca de 70% da colheita brasileira de arroz. Isso não significa que as culturas em que não é líder sejam secundárias. Na safra 2022/23, foi o décimo maior produtor nacional de milho, por exemplo, mas, ainda que tenha respondido por menos de 3% da produção nacional na última temporada, a colheita do Estado é essencial para compor a alimentação de animais como frangos e porcos – o Rio Grande do Sul é o terceiro maior produtor de aves e o segundo maior de suínos.

Como as chuvas começaram no fim de abril e se estenderam por quase um mês, acabaram ocorrendo na fase final de colheita de algumas dessas culturas. Com isso, as perdas decorrentes da destruição das lavouras foram esparsas. No fim de maio, quando as chuvas já tinham começado a diminuir, os produtores gaúchos ainda não haviam concluído a colheita de 6% da área de soja e de 7% da de milho, segundo a Associação Riograndense de Empreendimentos de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-RS). Em alguns casos, os trabalhos de campo não puderam prosseguir porque as plantações ainda estavam alagadas ou porque as águas destruíram maquinários.

No caso do arroz, que também estava em fase final de colheita, os trabalhos terminaram na primeira quinzena de junho. Os gaúchos colheram 7,1 milhões de toneladas do cereal na safra 2023/24, segundo relatório do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga). Temia-se que a produção do ceral caísse muito. Não foi o que ocorreu, no entanto, o que fez com que representantes do segmento considerassem o resultado um sucesso: o volume foi apenas 1% menor do que o da temporada 2022/23.

Como o Rio Grande do Sul responde por mais de dois terços da oferta nacional do produto – item de primeira necessidade na cesta básica dos brasileiros -, o governo federal decidiu lançar um leilão para importar arroz para assegurar o abastecimento e evitar um eventual aumento de preços, mas o certame acabou anulado porque alguns vencedores não teriam capacidade de cumprir a entrega do produto.

Também pesou a revelação de que participantes do leilão tinham ligação com Neri Geller, então secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura – ele deixou o cargo dias depois. O governo planeja fazer um novo leilão, com uma análise mais rigorosa dos participantes.

Mais perdas

O Rio Grande do Sul é também o maior produtor nacional de trigo, cujo plantio só começou no fim de maio, quando a fase mais intensa das chuvas que atingiram o Estado já havia ficado para trás. Consultorias independentes têm previsto uma diminuição da área de cultivo de trigo no país neste ano, mas, segundo essas projeções, a tendência é que a produtividade cresça.

As perdas de lavouras de grãos podem ter sido limitadas, mas os efeitos das chuvas sobre a produção ainda podem aparecer. Técnicos afirmam que as inundações podem comprometer a preparação do solo para o plantio da próxima de verão, no segundo semestre, o que teria impactos sobre o rendimento das lavouras. No entanto, ainda não se tem noção exata de qual será o desdobramento dessas restrições.

Também há problemas com os grãos que já haviam sido colhidos. Em 16 de junho, em um dos casos mais recentes, as chuvas causaram uma “microexplosão” nas instalações da Cooperativa Tritícola Regional São-Luizense (Coopatrigo), no município de São Luiz Gonzaga. A estrutura abriga armazéns, supermercado, centro agropecuário e sede administrativa. “Foi um tornado de proporções inimagináveis na área onde temos nosso armazém. Ao menos as perdas são só materiais. Ninguém se machucou”, disse Paulo Pires, presidente da Coopatrigo.

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