Segunda-feira, 23 de dezembro de 2024
Por Redação Rádio Pampa | 1 de outubro de 2023
Um estudo publicado na revista Nature Geoscience revelou que o planeta caminha para a formação de um “supercontinente”, com a fusão dos territórios continentais que conhecemos hoje em cerca de 250 milhões de anos. Com o uso de supercomputadores, os cientistas da Universidade de Bristol, no Reino Unido, criaram um modelo inédito de previsão do comportamento do clima nesse futuro distante, para avaliar as consequências dessa monstruosa mudança geográfica. Eles descobriram que a conclusão desse processo poderá levar a Terra a se tornar inabitável e extinguir a vida humana e de outros mamíferos que sobrevivam até lá.
Um dos pontos mais interessantes da pesquisa é justamente relacionar o movimento tectônico às mudanças climáticas. De acordo com a pesquisa, o planeta está no meio de um ciclo de movimentação dos continentes. O último ‘supercontinente’ , chamado Pangea, se dividiu há aproximadamente 200 milhões de anos. A expectativa dos pesquisadores é que o próximo, apelidado de Pangea Ultima, se forme na altura da linha do equador em cerca de 250 milhões de anos, quando o Oceano Atlântico diminuir e um continente “afroeurasiático” fundido se choque com as Américas.
Neste ponto, as projeções climáticas feitas pelos pesquisadores indicaram que até 92% da superfície do planeta poderão se tornar inabitáveis. Um dos motivos será o impulso da atividade vulcânica após a fusão dos territórios. Com isso, mais dióxido de carbono será emitido pelas erupções vulcânicas.
Se a Pangeia Ultima se comportar como supercontinentes anteriores, ficará repleta de vulcões que expelem dióxido de carbono, segundo o estudo. Graças aos movimentos turbulentos da rocha derretida nas profundezas da Terra, os vulcões poderão libertar grandes ondas de dióxido de carbono durante milhares de anos — explosões de gases associados ao efeito estufa que farão com que as temperaturas subam vertiginosamente.
“Parece que a vida vai ter um pouco mais de dificuldade no futuro”, afirmou Hannah Davies, geologista do Centro de Pesquisas de Geociências alemão GFZ, em Potsdam.
Temperatura elevada
Os níveis de gás carbônico na atmosfera tendem a duplicar, segundo os pesquisadores. Mas o cálculo foi feito com base em uma suposição de que a Humanidade abandone os combustíveis fósseis imediatamente, dentro de um esforço para conter a crise climática e o aquecimento global. Caso contrário, os cientistas alertam que esses níveis poderão ser atingidos “muito, muito antes”.
As regiões mais distantes dos oceanos, no centro deste continente gigantesco, se tornarão desertos inabitáveis pelas previsões do estudo. A equipe liderada pelo cientista paleoclimático da Universidade de Bristol Alexander Farnsworth simulou temperaturas, ventos, chuvas e umidade no supercontinente e usou modelos de movimento de placas tectônicas, química oceânica e biologia para calcular os níveis de dióxido de carbono. Os resultados mostraram que a temperatura do planeta ficará acima dos 40 °C.
“Temperaturas em geral entre 40 °C e 50 °C e extremos diários ainda maiores (…) vão, em última análise, selar nosso destino. Humanos, junto a muitas outras espécies, vão se extinguir pela inabilidade de transformar esse calor em suor, esfriando seus corpos”, explicou Farnsworth.
Outro fator será o aumento da radiação solar. Os cientistas calculam que o sol se torne 2.5% mais luminoso quando o novo continente se formar, intensificando ainda mais o calor na superfície terrestre.
“[A extinção] Não seria apenas para mamíferos. Poderia ser também para a vida de plantas e outros tipos de vida. O que acontecerá a partir disso é [adivinhação] de qualquer pessoa. Em outras extinções em massa uma nova espécie tende a dominar”, aponta Farnsworth.