Sábado, 23 de novembro de 2024

Cientistas conseguem “ouvir” um sintoma precoce do Alzheimer; entenda

Ao longo dos anos cientistas têm procurado maneiras de detectar sinais de Alzheimer de forma precoce, para facilitar seu tratamento. Recentemente, pesquisadores da Universidade de Dartmouth, nos Estados Unidos, e da École de Technologie Supérieure, no Canadá, desenvolveram um dispositivo que consegue “ouvir” as vibrações provocadas por movimentos oculares e, assim, rastrear a doença.

Durante a leitura de um texto os olhos realizam um movimento chamada sacada ocular (que permite a absorção de informações), o qual produz produz pequenas vibrações nos tímpanos. O aparelho intra-auricular, que lembra um fone de ouvido, traduz esses movimentos em uma mensagem e permite que ela captada por um pequeno microfone.

Dessa forma, os pesquisadores conseguem distinguir o sinal provindo de alguém que está em fases iniciais do Alzheimer.

“Os movimentos oculares são fascinantes, pois são alguns dos movimentos mais rápidos e precisos do corpo humano, portanto, eles dependem tanto de excelentes habilidades motoras quanto do funcionamento cognitivo”, aponta o pesquisador Arian Shamei, da École de Technologie Supérieure, em comunicado.

Contudo, o dispositivo criado pela equipe ainda está em fase de testes. Para realizar os experimentos, foram reunidos dois grupos: um de 35 pacientes com Alzheimer precoce ou comprometimento cognitivo leve e outro com 35 participantes de controle sem Alzheimer ou declínio cognitivo.

“Nosso objetivo é desenvolver algoritmos de monitoramento de saúde para aparelhos auditivos, capazes de monitoramento contínuo e de longo prazo, além de detecção precoce de doenças”, afirma Miriam Boutros, pesquisadora da École de Technologie Supérieure, que apresentou a pesquisa na conferência da Acoustical Society of America (Sociedade Acústica dos Estados Unidos) esta semana.

Estudos anteriores mostraram que os olhos de pessoas com Alzheimer, e outros tipos de demências, tendem a mudar a partir da degeneração do cérebro. Nas sacadas, em particular, essas mudanças fica mais evidentes. Geralmente, aqueles que são acometidos apresentam maior dificuldade para mover o olhar em direção a objetos que estejam na periferia de sua visão de maneira rápida.

Outro sinal que facilita o rastreio precoce

Uma equipe de cientistas do renomado Instituto Karolinska, na Suécia, descobriram que um aumento metabólico nas mitocôndrias no hipocampo, uma parte importante do cérebro, é um sinal precoce do Alzheimer.

Eles estudaram camundongos com um modelo de Alzheimer semelhante ao de humanos para compreender o que acontecia ao órgão antes do acúmulo das placas amiloides, associadas com o surgimento da doença.

Foi observado pela equipe que houve um aumento do metabolismo nas mitocôndrias em animais jovens, seguido por alterações nas sinapses do cérebro. Esse processo interferiu diretamente no sistema de reciclagem das células, chamado autofagia, responsável pelo descarte de substâncias para que elas não se acumulem no órgão.

“Curiosamente, as mudanças no metabolismo podem ser vistas antes que qualquer uma das placas insolúveis características do Alzheimer se acumule no cérebro. O diferente equilíbrio energético corresponde ao que vimos nas imagens do cérebro com Alzheimer (já diagnosticado), mas agora detectamos estas alterações numa fase anterior da doença”, afirmou Maria Ankarcrona, professora do Instituto, em comunicado.

 

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