Quarta-feira, 30 de outubro de 2024

Cientistas do Reino Unido avançam na produção de uma vacina única contra covid e resfriado

Os cientistas do Francis Crick Institute, em Londres, fizeram um avanço “promissor” no desenvolvimento de uma vacina universal contra o coronavírus, para combater tanto a covid como o resfriado comum, segundo divulgou o “The Guardian”.

No novo estudo, os pesquisadores investigaram se os anticorpos direcionados à “subunidade S2” da proteína spike do Sars-CoV-2 – o vírus que causa a covid – também neutralizam outros coronavírus. Os pesquisadores descobriram que, após vacinar camundongos com Sars-CoV-2 S2, os animais criaram anticorpos capazes de neutralizar vários outros coronavírus animais e humanos.

Eles incluíram o coronavírus do resfriado comum HCoV-OC43, a cepa original do Sars-CoV-2, o mutante D614G que dominou na primeira onda, alpha, beta, delta, o ômicron original e dois coronavírus de morcego. Os resultados foram publicados na revista Science Translational Medicine.

Em outra etapa da pesquisa, para testar a capacidade dos anticorpos de neutralizar o vírus, os cientistas compararam a resposta de camundongos vacinados e não vacinados expostos a um dos coronavírus quatro dias após o início dos testes. Foram encontradas significativamente menos cópias de vírus no organismo dos imunizados.

“Embora uma potencial vacina S2 não impeça as pessoas de serem infectadas, a ideia é preparar seu sistema imunológico para responder a uma futura infecção por coronavírus”, disse o coautor do estudo e imunologista do Crick, Nikhil Faulkner.

“A área S2 da proteína spike é um alvo promissor para uma potencial vacina pan-coronavírus, porque essa área é semelhante em diferentes coronavírus”, disse o co-primeiro autor do estudo, Kevin Ng.

Até agora, a área S2 da proteína spike havia sido negligenciada como uma base potencial para a vacinação, disseram os pesquisadores.

Apesar de a notícia ser promissora, os pesquisadores reconhecem que ainda há um longo caminho para concluir a pesquisa do imunizante contra diferentes coronavírus, incluindo testes com humanos.

Adesivo

Uma vacina sem agulha, aplicada por meio de um adesivo, pode combater as variantes mais recentes do Sars-CoV-2 de forma mais eficiente que pelo modelo injetável, mostra um estudo publicado na revista científica Vaccine. A análise foi conduzida por pesquisadores da Universidade de Queensland em parceria com o laboratório de biotecnologia Vaxxas, ambos na Austrália.

“O adesivo de microarray de alta densidade é uma plataforma que entrega a vacina precisamente nas camadas da pele, que são ricas em células imunes. (No estudo) descobrimos que a vacinação por meio de um adesivo foi aproximadamente 11 vezes mais eficaz no combate à variante ômicron quando comparada com a mesma vacina administrada por meio de uma agulha”, diz o pesquisador da universidade Christopher McMillan, em comunicado.

O imunizante, chamado de Hexapro, foi desenvolvido pelo laboratório Vaxxas com a tecnologia de subunidade proteica para ativar a resposta imune do organismo contra a covid. Esse método utiliza um pedaço da proteína Spike do coronavírus, região que o patógeno usa para se fixar às células. Em contato com esse fragmento, o sistema imunológico passa a produzir anticorpos e células de defesa, que estarão prontos para combater o vírus de verdade no futuro.

A vacina da Vaxxas foi desenvolvida especificamente para ser aplicada no corpo com a nova modalidade de adesivo. São milhares de micro-projeções que, em contato com a pele, liberam o imunizante no organismo. Porém, no estudo publicado recentemente, eles avaliaram se essa resposta imunológica à formulação da Hexapro é de fato maior pelo adesivo, comparando com uma aplicação da mesma vacina por injeção.

Os resultados mostraram que, quando aplicado com a tecnologia adesiva, o imunizante é mais eficiente, induzindo uma produção de anticorpos neutralizantes 11 vezes maior contra a variante ômicron. Na pesquisa, foram utilizados camundongos, que receberam duas doses da vacina com um intervalo de três semanas entre elas. Porém, os pesquisadores afirmam que em testes com outras formulações de imunizantes, o mesmo benefício pelo adesivo foi observado.

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