Domingo, 22 de dezembro de 2024

Colégio Adventista de Porto Alegre promove Festival de Curtas para alertar crianças e adolescentes sobre abuso sexual

Cada dia que passa fica mais claro que abusos sexuais sofridos por crianças e
adolescentes trazem consequências severas para as vítimas. Além de atrapalhar o pleno desenvolvimento, as feridas resultantes desses episódios traumáticos podem levar anos, às vezes uma vida inteira, para serem curadas.

Diante dessa dura realidade, a Igreja Adventista do Sétimo Dia lançou em 2002 o projeto “Quebrando o Silêncio”. O principal objetivo é conscientizar e prevenir o abuso sexual, a violência doméstica e outros crimes dessa natureza. Vinte anos se passaram desde a 1ª campanha e ainda se faz necessário falar sobre esse assunto, sobretudo para crianças e adolescentes.

Pensando nisso, escolas e colégios adventistas do Rio Grande do Sul trouxeram os debates anuais do “Quebrando o Silêncio” para as salas de aulas. Lana César, coordenadora do projeto, explicou que, quando os temas são abordados nas escolas, os alunos que passam por essa situação, denunciam. “Quando ouvidas, elas se sentem acolhidas e seguras”, declarou Lana.

Michele Vasconcelos, educadora e especialista em psicologia social, defende que falar sobre abuso sexual continua sendo um desafio nos dias atuais. “A sociedade ainda precisa avançar muito na criação de espaços seguros para que essas conversas ocorram de forma sensível, respeitosa e que realmente promovam a conscientização e o apoio às vítimas”, defendeu Michele.

A psicóloga acredita que a sala de aula é um ambiente propício para discussão de temas, já que é um ambiente de formação e conscientização. “Ao discutir o abuso sexual nesses espaços, criamos oportunidades para que eles reconheçam sinais de perigo e saibam como buscar ajuda”, ressaltou Michele.

Festival de Curtas

A maneira encontrada para abordar temas tão sérios com o público tão juvenil foi a criação de um festival de filmes curtos. Lana César parabenizou a iniciativa e disse que o projeto ajuda os alunos até mesmo a estarem preparados para acolherem seus colegas.  “Esses curtas têm sido de grande importância para alertar alunos e comunidade contra o abuso em suas diversas formas”, salientou Lana.

O 1º colégio adventista do Rio Grande do Sul a promover um festival de curtas com as temáticas do Quebrando o Silêncio foi o Colégio Adventista de Porto Alegre (CAPA). Há 7 anos, o projeto foi elaborado e, desde então, está presente
no calendário letivo dos alunos.

Talita Reis, vice-diretora do CAPA, explicou que trabalhar esses assuntos nos curtas faz com que os alunos entendam mais sobre como evitar e combater diversos tipos de abuso. As temáticas da campanha são abordadas na matéria de ensino religioso.

Gabriel Mendes, capelão do CAPA, confessou que é necessário ter muita sensibilidade e tato para conseguir tratar o assunto de maneira a confortar, cicatrizar as feridas e promover a superação. “É um desafio porque, provavelmente, há entre nós alunos, familiares ou funcionários que tenham sido vítimas de algum tipo de violência”, lamentou Gabriel.

O professor explicou como são feitos os preparativos e como os alunos respondem ao desafio. “Lançamos o edital no 2º semestre letivo e os alunos formam grupos para escrita dos roteiros e organização das ideias. Eles ficam muito eufóricos com isso. É claro que a principal motivação é poder contribuir com o combate à violência e restauração das vítimas”, revelou Gabriel.

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