Domingo, 23 de fevereiro de 2025

Com a Selic mantida em 10,5% a.a., ainda vale a pena investir em ações da bolsa de valores brasileira?

O mercado financeiro trabalha se antecipando aos fatos para não perder dinheiro, e uma das apostas confiantes do momento foi confirmada na semana passada. Na quarta-feira (31) o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) anunciou a manutenção da Selic em 10,50% ao ano. A visão é de que a Bolsa brasileira está barata, com oportunidades para quem tem estômago para suportar mais riscos, com o objetivo de colher os frutos quando a poeira baixar.

O Copom avaliou que as conjunturas doméstica e internacional exigem ainda maior cautela na condução da política monetária, e chamou atenção para possíveis impactos inflacionários decorrentes dos movimentos das variáveis de mercado e das expectativas de inflação.

Entre especialistas em investimentos, a avaliação consensual é de que a renda fixa está, sim, atrativa, mas o investidor tem alguns deveres de casa, como rever os indexadores dos ativos, apostar em títulos curtos e mesclar a carteira com fundos de crédito. Também precisa dar mais atenção a aplicações nos Estados Unidos, especialmente após as declarações mais recentes de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (o banco central americano).

Confira algumas avaliações e recomendações de analistas:

Renda fixa

Apesar do juro ainda alto, os títulos atrelados ao CDI não são os preferidos dos analistas. Nos títulos públicos, o Tesouro Selic ainda tem espaço relevante nas carteiras, mas as recomendações apontam para aumento da concentração em títulos de inflação e prefixados. “As NTN-Bs (Tesouro IPCA+) ainda são nossas favoritas, gostamos do vencimento em 2032, que não é tão longo para ser impactado pelo fiscal”, argumenta Marco Bismarchi, sócio e gestor de portfólio da TAG Investimentos. Os atrelados à inflação também são indicação da XP, que tem preferência por títulos de duração de 6 anos.

A favor dos prefixados, Ricardo Nunes, CIO de crédito da Paramis Capital, aponta precificação de aumento na Selic na curva de juros, algo que a casa não considera provável. “Estamos posicionados em prefixados curtos, até janeiro de 2026; acho que a alta de 2 pontos percentuais na Selic se materialize”, explica Fábio Guarda, sócio e gestor da Galapagos Capital.

Já no crédito privado, a diferença de remuneração que as empresas grandes oferecem nas debêntures na comparação com o Tesouro Direto não compensa o risco para o investidor aplicar por conta própria, segundo os analistas.

“Vimos uma compressão de spreads (juros adicionais em relação ao papéis públicos) nos papéis de maior qualidade que já passou do racional”, diz o CIO da Paramis. Ele explica que a casa está esperando abertura nas taxas para comprar papéis de qualidade e, por enquanto, foca em operações mais curtas e em papéis considerados mais arriscados, que pagam mais.

Nunes explica que escolher os papéis independentemente do setor é importante nesse momento, mas destaca que saneamento e transmissão de energia são áreas bem vistas pela gestora: “têm contratos fortes, de longo prazo e corrigidos pela inflação”. Por outro lado, olham com atenção para imobiliárias e empresas de consumo, mais sensíveis aos juros e que podem sofrer com a alta de custo de dívida se a Selic ficar alta por muito tempo ou até subir.

Ações

O Ibovespa vem se recuperando (lentamente) do tombo de 7,6% no primeiro semestre. Renato Nobile, gestor e analista da Buena Vista Capital, acredita que as ações seguem “muito atrativas em preço, principalmente fazendo stock picking”, ou seja, escolhendo analisando as empresas independentemente dos setores, já que há oportunidades mesmo nas áreas com maior desconfiança do mercado.

E o gestor não fica só no discurso: elogia as ações da Sabesp (SBSP3), mesmo não gostando do setor de saneamento básico. “O preço tem desconto interessante e pode dobrar de valor após o movimento de privatização”, justifica Nobile. Para ele, as administradoras de shopping centers estão muito baratas: “Allos (ALOS3) vem em primeiro lugar, depois Iguatemi (IGTI11). Elas estão negociando muito abaixo do que deveria, não me lembro de níveis tão atrativos”.

Monica Araújo, estrategista de renda variável da InvestSmart, olha mais para o copo meio vazio. Preocupada com “um cenário doméstico ainda desafiador, em especial pela trajetória do fiscal”, ela recomenda o investimento em setores mais resilientes, “com menor volatilidade de resultados e com perspectivas positivas de crescimento nos lucros”: energia, telecomunicações, bancos e saneamento básico. As informações são do portal InfoMoney.

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