Terça-feira, 24 de dezembro de 2024

Como eu digo “eu te amo”

Sempre que chove no verão, eu aproveito para fazer meus filhos dançarem comigo na chuva. E, não, eu não me preocupo se eles ficarão resfriados – o que me importa é que eles vivam a energia incrível que vem da liberdade de ser feliz.

Sou o tipo de mãe que estimula que momentos únicos sejam vividos. Que oportuniza experiências. Que cria memórias. E isso me faz uma mãe melhor que as demais? Não necessariamente.

Há um bom tempo me conformei com o fato de que não consigo ser uma super mãe, exemplar em tudo. Não sou o tipo que curte brincar de pega-pega ou de esconde-esconde. Eu tento, às vezes, mas confesso que não prefiro. Tampouco sou aquela mãe que é “pau pra toda obra”, que faz tudo e abdica do tempo para si em prol dos filhos. Aprendi a ser um pouco “egoísta”, e eles terão que aprender que não são o centro do mundo das pessoas. Em contrapartida, sou a mãe que vai conversar por longas horas, fazer planos de viagem, viver aventuras e ensinar a sobre as pequenas alegrias da vida. E sou a mãe do “tempo de qualidade”.

Se você já leu “As 5 linguagens do amor” vai reconhecer a expressão, mas o livro se tornou famoso em razão de ser uma ferramenta incrível para a cura dos relacionamentos conjugais. Para quem não leu, trata-se da obra de Gary Chapman, um psicólogo (e pastor) que, após 40 anos atendendo casais, concluiu que as pessoas expressam seu amor através de 5 formas diferentes – e o sucesso de uma relação depende de identificar isso no outro, pois nem sempre o que nós julgamos ser uma prova de afeição é o que a outra pessoa espera. Assim, você costuma mostrar seu sentimento por uma pessoa a partir dessas maneiras: toque físico (conexão física, sexual ou não), atos de serviço (fazer coisas pela outra pessoa com afeição), presentes (“dar” algo especial é importante), palavras de afirmação (quem é verbal e gosta de externar o amor) e tempo de qualidade (a importância de estar vivendo algo e estar entregue a essa experiência juntos).

O livro traz exercícios para identificar em si e no parceiro a forma de amor predominante. E, nossa, você não imagina como uma informação tão singela pode ser tão transformadora.

É claro que todo mundo ama presentes, ama ouvir “eu te amo”, ama alguém que te encha de beijos, etc. Mas, se você parar para olhar lá para dentro de si, concluirá que tem algo que é essencial para você reconhecer o amor. E vice-versa.

Concluído esse momento “seu casamento no divã” (sério, anota essa dica. Vale ouro!), eu transportei o ensinamento do livro para o relacionamento mãe-filhos. E, inclusive, no meu relacionamento com a minha mãe! Diferentemente de mim, a minha mãe demonstra seu afeto por “atos de serviço”. Ela está SEMPRE pronta para QUALQUER situação. Mas, veja, eu não sou assim e, se eu não compreendesse a sua forma de amar, poderia me ressentir de, por exemplo, ela não ser uma pessoa que passa me abraçando (na verdade, acho ótimo assim; não sou mesmo dos abraços – só em árvores). Da mesma forma, passei a sentir muito menos culpa por não ser aquela mãe que ama fazer o café da manhã ou arrumar as mochilas, tampouco aquela que faz presentes manuais projetados com meses de antecedência. Eu sou a mãe do tempo de qualidade. Comigo, meus filhos desbravarão a Amazônia e jogarão xadrez, verão filmes sobre os quais discutiremos e jogaremos juntos tênis. Irão à primeira festa vestindo terno e aprenderão a nadar. E, sim, dançarão na chuva sempre que der. E, embora eu me esforce para ser melhor a cada dia, é essa a mãe que eles têm. A melhor mãe que EU posso ser.

 

Ali Klemt

Apresentadora de TV

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