Terça-feira, 26 de novembro de 2024

Como o fígado pode sabotar as dietas e fazer com que você engorde

A Faculdade de Medicina Perelman da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, realizou um estudo que conseguiu comprovar como o corpo sabe quando deve se alimentar. Os pesquisadores descobriram uma relação estreita entre o fígado e os centros de alimentação no cérebro.

A pesquisa demonstrou que o fígado envia sinais ao cérebro por meio do nervo vago, funcionando como um “relógio interno”. Isso permite que a mente identifique com precisão se as refeições estão sendo feitas em horários que seguem o ritmo circadiano do corpo.

Esses alertas podem ser alterados quando a pessoa trabalha em horários noturnos ou incomuns, o que faz com que o cérebro automaticamente compense excessivamente e leve o indivíduo a comer em excesso em momentos inadequados.

Se isso ocorre com frequência, a pessoa se torna mais propensa a ganhar peso ou a desenvolver diabetes, já que suas refeições não coincidem corretamente com os horários de luz natural e não seguem os padrões regulares de alimentação.

Os pesquisadores focaram o estudo em genes chamados REV-ERB, que são proteínas importantes para regular o ritmo circadiano do organismo. Esse ritmo é um ciclo interno de 24 horas que organiza várias atividades, como os ciclos de sono, a liberação de hormônios e os hábitos alimentares.

Utilizando ratos como cobaias, os cientistas cortaram a conexão nervosa entre o fígado e o cérebro em animais obesos e observaram que isso permitiu o restabelecimento dos padrões alimentares e uma redução significativa na ingestão de alimentos.

A pesquisadora de pós-doutorado no laboratório do autor principal do estudo, Lauren Woodie, afirma que essa descoberta em roedores sugere que atuar sobre essa via de comunicação entre o fígado e o cérebro pode ser uma “abordagem promissora” para o controle de peso em pessoas com ritmos circadianos alterados.

“Essas descobertas abrem a porta para futuras terapias que possam direcionar vias neurais específicas para ajudar aqueles que enfrentam distúrbios metabólicos causados por horários irregulares de alimentação”, concluíram os pesquisadores.

Os cientistas afirmam que estudos futuros devem se concentrar em entender os tipos de sinais químicos que o fígado envia ao nervo vago, para compreender como o órgão afeta diretamente o cérebro com essa comunicação.

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