Segunda-feira, 23 de dezembro de 2024
Por Redação Rádio Pampa | 16 de março de 2023
Um medicamento experimental foi apontado como responsável pela remissão completa de 18 pacientes com leucemia mielogênica aguda. Este é o tipo mais comum e agressivo da doença, com 120 mil casos a cada ano. A taxa de sobrevivência de três anos é de apenas 25%.
O resultado, obtido em ensaio clínico com o fármaco, foi publicado nesta quarta-feira na revista científica “Nature”. A nova droga, chamada Revumenib, eliminou completamente o câncer em um terço dos participantes do estudo realizado nos Estados Unidos.
Embora as conclusões sejam preliminares e não representem uma cura definitiva, a comunidade científica se mostrou otimista com a resposta.
“Nós acreditamos que este medicamento é eficaz e esperamos que esteja disponível a todos os pacientes que precisem”, disse o pesquisador da Universidade do Texas Ghayas Issa, oncologista que participou do estudo.
A leucemia mielogênica aguda ataca a medula óssea, onde as células sanguíneas são produzidas, e causa a produção descontrolada de células defeituosas. Foi o que aconteceu com a arquiteta lituana Algimante Daugelaite, de 23 anos.
Ela já havia recebido dois transplantes de medula óssea de sua irmã e todos os outros tratamentos falharam. Foi quando os médicos responsáveis pelo atendimento da jovem começaram a cogitar cuidados paliativos para aliviar o sofrimento.
“Eu estava desesperada. Era como viver um filme horrível. Senti que a morte era iminente e tinha apenas 21 anos”, relembrou Algimante, que, após tomar o medicamento, conseguiu terminar a faculdade e agora trabalha em um estúdio de arquitetura na Dinamarca.
A droga, no entanto, não funciona para todos os pacientes. Os pesquisadores se concentraram em dois subtipos genéticos, nos quais uma proteína chamada “Menina” permite o progresso da doença – nesses casos, a função do remédio é inibi-la.
O hematologista Pau Montesinos, coordenador do Grupo Espanhol de Leucemia Mielogênica Aguda, acredita que as novas informações são “esperançosas”, mas enfatiza as ressalvas: o medicamento ainda precisa ser testado em centenas de pessoas para confirmar sua segurança e eficácia.
“Na maioria dos casos, essas terapias direcionadas, por si só, podem reverter a leucemia, mas raramente a curam”, explica Montesinos. “A estratégia é combinar esses novos produtos farmacêuticos com a quimioterapia clássica ou outras abordagens.”