Segunda-feira, 23 de dezembro de 2024

Comprimido experimental cura 18 pessoas com leucemia nos Estados Unidos

Um medicamento experimental foi apontado como responsável pela remissão completa de 18 pacientes com leucemia mielogênica aguda. Este é o tipo mais comum e agressivo da doença, com 120 mil casos a cada ano. A taxa de sobrevivência de três anos é de apenas 25%.

O resultado, obtido em ensaio clínico com o fármaco, foi publicado nesta quarta-feira na revista científica “Nature”. A nova droga, chamada Revumenib, eliminou completamente o câncer em um terço dos participantes do estudo realizado nos Estados Unidos.

Embora as conclusões sejam preliminares e não representem uma cura definitiva, a comunidade científica se mostrou otimista com a resposta.

“Nós acreditamos que este medicamento é eficaz e esperamos que esteja disponível a todos os pacientes que precisem”, disse o pesquisador da Universidade do Texas Ghayas Issa, oncologista que participou do estudo.

A leucemia mielogênica aguda ataca a medula óssea, onde as células sanguíneas são produzidas, e causa a produção descontrolada de células defeituosas. Foi o que aconteceu com a arquiteta lituana Algimante Daugelaite, de 23 anos.

Ela já havia recebido dois transplantes de medula óssea de sua irmã e todos os outros tratamentos falharam. Foi quando os médicos responsáveis pelo atendimento da jovem começaram a cogitar cuidados paliativos para aliviar o sofrimento.

“Eu estava desesperada. Era como viver um filme horrível. Senti que a morte era iminente e tinha apenas 21 anos”,  relembrou Algimante, que, após tomar o medicamento, conseguiu terminar a faculdade e agora trabalha em um estúdio de arquitetura na Dinamarca.

A droga, no entanto, não funciona para todos os pacientes. Os pesquisadores se concentraram em dois subtipos genéticos, nos quais uma proteína chamada “Menina” permite o progresso da doença – nesses casos, a função do remédio é inibi-la.

O hematologista Pau Montesinos, coordenador do Grupo Espanhol de Leucemia Mielogênica Aguda, acredita que as novas informações são “esperançosas”, mas enfatiza as ressalvas: o medicamento ainda precisa ser testado em centenas de pessoas para confirmar sua segurança e eficácia.

“Na maioria dos casos, essas terapias direcionadas, por si só, podem reverter a leucemia, mas raramente a curam”,  explica Montesinos.  “A estratégia é combinar esses novos produtos farmacêuticos com a quimioterapia clássica ou outras abordagens.”

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