Quarta-feira, 20 de novembro de 2024

Construindo pontes de amor

Sou uma ferrenha defensora de viajar com os filhos – e, sim, eu sei, é super cansativo. Muito. E embora haja formas de facilitar a vida, o fato é que sair da zona de conforto com crianças é, exatamente, isso: estar desconfortável com crianças.

Porém, o desconforto nos faz crescer. A todos nós.

Vivi isso de forma positiva com o Thomas. Vou contar para vocês. Desde os 4 anos dele instituímos a “aventura mãe e filho”, uma vez por ano, e contabilizamos experiências pelo mundo que não só o ensinaram a se virar por aí, como também fortaleceram o nosso vínculo. Amazônia, Irlanda, Londres, Paris, São Paulo e até as Missões… sozinhos, só nós dois. A cumplicidade, as “piadas internas”, o ajudar um ao outro…

Já contava com o momento em que traria o Henri nessas aventuras… e foi de forma imprevista, acabei embarcando em uma aventura Mãe & FilhoS (no plural) pela primeira vez.

Confesso que estava apreensiva, mas o fato de estarmos em uma casa com grandes amigos que me apoiarão em qualquer circunstância dá tranquilidade. E cá viemos nós para a Disney.

Não podíamos deixar passar essa ocasião, pois a magia da Disney aos 4/5 anos é inigualável. É uma experiência mágica. E dividi-la com uma turma de pequenos amigos será inesquecível.

Maaaaaaas deixemos a poesia da vida um pouquinho à parte para voltar à realidade: a ida foi punk. PUNK com letras maiúsculas. Deixa eu contar aqui pra você se solidarizar comigo. Primeiro, que ficamos 6 horas no aeroporto de Guarulhos. Não faça isso. Pague um pouco mais e tenha uma escala menor. Sinceramente, não sei como não percebi isso na hora da compra, mas enfim… eles foram ótimos, mas estavam exaustos. A parte boa? Dormiram como bebês no avião. Eu demorei um pouco mais, porque me servi de vinho tinto pra relaxar, mas aí enganchou o fio do fone e fiquei encharcada de uva com álcool inteirinha! Não se preocupem: a virginiana sempre tem uma roupa extra.

Tudo parecia calmo, até que o Thomas desperta enjoado. Aiaiaiai, isso não me cheirou bem… e lá foi ele correndo para o banheiro que, claro, estava ocupado. Até isso economizam hoje nos aviões, não tem mais o saco para vomitar… bem feito, vomitou no corredor. Eu precisei optar se o acompanhava ou deixava o pequeno pra trás, fiz uma análise rápida de risco e pensei “bom, do avião ele não sai”. Obviamente, após resgatar o Thomas e prestar os primeiros socorros de mãe, constatei que o Henri sumira. Sumiu!!!! E era o avião inteiro apoiando, apontando para o fundo, onde o encontrei com os olhos cheios de lágrimas e o coração despedaçado por não me encontrar. Ele abriu os braços ao me ver, aliviado. Aí o abracei, e a culpa e o amor e todos os meus sentimentos vieram para fora sem pudor.

Viagens elevam à máxima potência as experiências sociais e culturais do ser humano, e eu acredito verdadeiramente que, independentemente da idade (e mesmo que muitos detalhes venham a ser esquecidos), as percepções, as impressões, os aprendizados agregam de forma incomparável ao repertório cultural e emocional desse ser humano em formação.

Principalmente, porém, o que espero construir com meus filhos nessas viagens é uma ponte firme e concreta, calcada em muito amor, parceria, segurança e sonhos compartilhados, que possa ser cruzada rumo aos meus braços sempre que eles precisarem.

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