Quarta-feira, 08 de janeiro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 6 de janeiro de 2025
O ministro de Assuntos da Diáspora e Combate ao Antissemitismo de Israel, Amichai Chikli, classificou de “desgraça para o governo brasileiro” a investigação da Polícia Federal (PF) sobre um militar do país judeu que estava de férias na Bahia. Em carta enviada ao deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), ele também acusou o Judiciário de agir “a favor de terroristas”, com o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
No foco da indignação de Chikli está Yuval Vagdani, denunciado pela entidade pró-Palestina Fundação Hind Rajab (HRF, na sigla em inglês) de cometer crimes de guerra na Faixa de Gaza. Vagdani estava de férias na praia de Morro de São Paulo (BA) e deixou o País, com o apoio das autoridades de Tel Aviv. após uma investigação contra ele ser aberta pela Polícia Federal, a pedido da Justiça brasileira.
Chikli acusa a HRF, que se autodenomina em defesa dos direitos humanos, de ser uma organização que apoia o terrorismo: “Pesquisas do nosso ministério revelaram que os líderes da organização têm apoiado consistentemente o Hezbollah, o Hamas e outros grupos terroristas que buscam a destruição de Israel e o assassinato de israelenses”.
Em seguida, o ministro descreve que líderes da organização elogiaram membros das duas organizações e acusa a HRF de mentir sobre o militar:
“O fato do Judiciário brasileiro, sob o apoio do presidente Lula, abraçar indivíduos com essas visões extremistas – especialmente no momento em que se aproxima o 80.º aniversário da libertação de Auschwitz – é uma desgraça para o governo brasileiro”.
Apesar das críticas e acusações de apoio, o presidente Lula não se pronunciou sobre o caso. A investigação de Yuval Vagdani no Brasil começou a partir da denúncia da HRF, que se baseou no princípio de “jurisdição universal”, segundo o qual determinados crimes são tão graves que atentam contra a própria noção de humanidade e, portanto, permitem que sejam julgados em qualquer lugar.
A entidade reuniu um dossiê para acusar o militar de crimes de guerra. O material inclui vídeos, dados de geolocalização e fotografias que mostram o soldado demolindo casas em uma área de ajuda humanitária.
O pedido da HRF foi apresentado à Justiça Federal, em Brasília, por dois advogados brasileiros contratados pela entidade. Após as acusações se tornarem públicas, Israel ajudou o soldado a deixar o país e ir para a Argentina. Ao jornal “O Estado de São Paulo”, a Embaixada de Israel em Brasília afirmou ter mantido contatos telefônicos com o militar sobre o processo para que ele retornar ao país, mas garantiu que a decisão de deixar o Brasil foi dele.
Criada por dezenas de advogados e juristas no ano passado, a HRF tem o objetivo de denunciar soldados israelenses que estejam em outros países, para que eles sejam condenados e presos por crimes de guerra. As ações correm em paralelo a dois processos maiores (e mais lentos) contra Israel: o da Corte Internacional de Justiça, que acusa o Estado de Israel de cometer genocídio em Gaza; e o do Tribunal Penal Internacional (TPI) contra autoridades israelenses, incluindo o primeiro-ministro Binyamin Netanyahu.
Conforme o jornal francês Le Figaro, ações semelhantes contra soldados israelenses foram realizadas na Europa, onde pelo menos três soldados israelenses que estavam de férias no Chipre, na Eslovênia e na Holanda, voltaram a Israel por recomendação dos serviços de inteligência israelenses. (Estadão Conteúdo)