Quarta-feira, 13 de novembro de 2024
Por Redação Rádio Pampa | 9 de outubro de 2021
Um estudo preliminar realizado no Reino Unido aponta que a variante delta provocou um pouco mais de sintomas em crianças e adolescentes, sobretudo febre e dor de cabeça, mas não foi responsável por causar quadros mais graves de Covid-19. Tanto a infecção pela variante delta quanto por alfa foi marcada por curta duração e carga parecida de sintomas.
A pesquisa foi conduzida pelo mesmo grupo do do King’s College London que, no começo deste ano, concluiu que a variante alfa não gerou casos mais graves de Covid do que os provocados pelo “vírus original”, aquele identificado pela primeira vez em Wuhan.
Os novos dados sobre o impacto da delta foram publicados na última semana — ainda sem revisão por pares — no medRxiv, uma plataforma de pré-prints, prévias de estudos científicos que ainda aguardam publicação em revistas científicas.
Metodologia
Os pesquisadores fizeram a comparação entre dois grupos de crianças e adolescentes em idade escolar diagnosticadas com Covid-19: 694 infectados pela variante alfa entre o fim de dezembro de 2020 e o início de maio de 2021, e 706 infectados pela delta entre o final de maio e o início de julho.
As crianças infectadas pela delta tiveram um pouco mais de sintomas, sendo a dor de cabeça e a febre mais comuns.
Os sete sintomas prevalentes nos dois grupos (infectados com alfa e delta), segundo os pesquisadores, foram:
1) dor de cabeça
2) fadiga
3) febre
4) perda do olfato
5) espirros
6) corrimento nasal
7) dor de garganta
Para as crianças (5 a 11 anos) um sintoma que também foi mais relatado do que entre os adolescentes e a população em geral foi a dor na região dos olhos.
Os pesquisadores afirmam que a maioria dos sintomas teve duração igual ou inferior a dois dias. Entretanto, nos dois grupos, poucas crianças precisaram ser hospitalizadas e longos períodos de doença foram incomuns. Nos dois grupos, metade das crianças ficou doente por não mais do que cinco dias.
“Nossos dados sugerem que as características clínicas da Covid-19 causada pela variante delta em crianças são amplamente semelhantes ao quadro provocado por outras variantes”, concluíram os pesquisadores.
Covid longa
Um outro estudo publicado em agosto na revista The Lancet Child & Adolescente Health chegou à conclusão de que a longa duração da Covid-19 após a infecção parece menos comum em crianças e adolescentes do que em adultos. A pesquisa foi feita no Reino Unido.
O estudo analisou dados de 1.734 crianças e adolescentes, de cinco a 17 anos, que testaram positivo para Covid-19.
Segundo os pesquisadores, na maioria dos casos, crianças e adolescentes que desenvolvem sintomas de Covid-19 melhoraram após seis dias. Apenas 4,4% tiveram sintomas além de quatro semanas, com pelo menos dois sintomas persistentes (fadiga, dor de cabeça ou perda de olfato). Menos de 2% tiveram sintomas por mais de oito semanas.
Veja o resumo do estudo:
— Pesquisadores analisaram dados de 1.734 voluntários, de cinco a 17 anos, que testaram positivo para Covid-19 perto do início dos sintomas;
— Os dados foram coletados entre 1º de setembro de 2020 e 22 de fevereiro de 2021;
— A maioria se recuperou em uma semana e apresentou poucos sintomas;
— 4,4% apresentaram sintomas além de quatro semanas;
— Menos de 2% tiveram sintomas por mais de oito semanas;
— Apesar dos dados positivos, os autores destacaram que todas as crianças com sintomas persistentes precisaram de cuidados multidisciplinares.
“É reconfortante que o número de crianças que tiveram sintomas duradouros seja baixo. No entanto, um pequeno número de crianças sofre com a Covid longa e nosso estudo valida as experiências dessas crianças e de suas famílias”, disse a autora do estudo, Emma Duncan, do King’s College London.
Para mapear as crianças, os pesquisadores usaram dados coletados através de um aplicativo. Os sintomas foram relatados por pais ou cuidadores. Os sintomas foram relatados regularmente até que os pacientes estivessem saudáveis.